sexta-feira, 26 de junho de 2009

A busca do desconhecido

A BUSCA DO DESCONHECIDO

Por: Elizabeth Sartori


O fantástico misterioso da mente humana leva muitas pessoas a procurar através de pesquisa, observação, vivência, situações na esperança de encontrar respostas para entender e realizar seus sonhos e suas necessidades. Assim, são todas as pessoas sem exceção, cada uma dentro de seu limite psíquico, que considerando uma homogeneidade coletiva, recebe e aceita as condições impostas pelo cultural, social e familiar sem saber o por que da sua conduta diante do que lhe é exigido.

Embora dentro desse contexto, o ser humano ainda teima em galgar degraus que possam levá-lo a níveis transcendentais, querendo tornar conhecido o desconhecido, considerando que o que está “fora” é o que pode dar-lhe momentos de elevação e satisfação.

Se, considerarmos por amostragem, uma população de mil pessoas, notadamente haverão aqueles ou aquele que se diferencia dentro desse grupo escolhido para então, dirigi-lo para algum ponto, pois de modo geral o ser humano reconhece, mesmo que inconscientemente, a necessidade de um líder.

Esse líder, dentro de suas limitações, substitui a figura do pai para aquelas pessoas, dando-lhes uma direção rumo ao desconhecido. Essas pessoas se eximem da responsabilidade de seus atos imputando as conseqüências ao líder e assim, sentem-se protegidas pelo diferencial que esse líder apresenta.

A proposta que coloco é levar o leitor a uma reflexão acerca de várias atitudes, tais como: obediência, respeito, admiração, medo, culpa, responsabilidade, impotência, limites, filantropia, arrogância, prepotência, etc...

Então, o que leva o ser humano, aquele que foi dotado do “pensar o sentir” a se dispor na caminhada pelo desconhecido? E porque se sente insatisfeito quando pensa ter alcançado seu objetivo?

Tem-se falado em matéria, em espírito e em alma. Três ingredientes importantes no conjunto que leva o ser humano a entrar em contato com o desconhecido. As pessoas podem considerar que só a matéria, ou só o espírito pode “falar” mais alto diante do coletivo e não percebem que um ingrediente tão importante quanto eles é o que compõe o todo, a alma.

Por matéria, entende-se o corpo que temos, aquele que abriga a alma, a Essência.

O espírito, um momento específico, dinâmico, autônomo, que contem energia, com componentes emocionais e simbólicos que tomam conta da personalidade. É aquele que impulsiona o ser humano a um objetivo, à realização de algo.

A alma é a mediadora entre a matéria e espírito.Ela é alimentada pela imaginação através da metáfora, que é a linguagem colorida que carrega carga emocional, é poesia, é a transposição da matéria para o mundo do espírito, o que chega à matéria através dos cinco sentidos.

Jung diz que “contemplar as imagens é o caminho da totalidade”.

A pessoa pode aparentemente se dar por satisfeita quando dirige sua energia para atividades diversas, correria frenética, ideais perfeccionistas, competições desmedidas ou somente para assuntos ligados ao misterioso deixando de estar em contato com o material, seu corpo. Essas atitudes não satisfazem a tríade espírito-alma-matéria, pois há uma potencialização de uma em detrimento das outras duas, gerando uma fuga que aumenta a ruptura entre o espírito e a matéria.

Perguntar o que essa ou aquela atitude está nos querendo dizer, nos leva também ao enriquecimento da alma, pois nos coloca em confronto com as nossas unilateralidades e nos leva a conhecer o ponto de partida para a solução de um conflito. Em se tratando, então, dessa reflexão, que poderíamos chamar de um ato espiritual, o ser humano, alimentando a alma, torna o espírito dinâmico e tem um bom relacionamento com a matéria. Essa tríade funcionando leva ao cumprimento da “missão”, se assim posso nomear, ou cumpre-se o caráter finalista daquele ser dentro do contexto complexual que fará movimentar outros seres em busca de si mesmo.

A alma ou psique é a conditio sine qua non para o pronunciamento do espírito e o bem-estar da matéria. Sem alma, o ser humano não se percebe no mundo, não se relaciona consigo próprio, nem com o outro, e portanto não estabelece vínculos ficando à margem da sociedade e não entendendo o por quê.

Baseado nos textos de:
Carl Gustav Jung em Símbolos da Transformação
Paolo Francesco Pieri em Dicionário Junguiano
Murray Stein em Jung-O Mapa da Alma