sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O MAL SE ALIMENTA DE...



Liguei a TV e fui ver o que tinha na programação daquela noite. Pára aqui, pára alí e então, vi uma cena na qual um Titã dizia que ele se alimentava do medo, o que me chamou a atenção. Não podia deixar de refletir sobre essa fala. Era inevitável.

A palavra Titã vêm do latim Titan, que por sua vez tem origem do grego Τιτάν, Ti-tan. Para James Hastings, esta palavra em etimologia popular vem de títaks, "rei" e titéne, "rainha. Esta hipótese parece mais clara e adequada às funções dos violentos titãs no mito grego, que passou a ter o sentido de "pessoa ou coisa de grande tamanho" . Seriam divindades primitivas, talvez de remota origem oriental, ligadas a ritos agrários. Sua vinculação aos elementos primários da natureza parece confirmada por uma lenda órfica posterior, que atribui aos titãs a origem da parte terrestre, ou material, dos seres humanos.

No meu entender o “indivíduo titã” não só se alimenta do medo do outro, mas de suas culpas, inferioridades, sentimentos de rejeição, vergonhas, covardia e outros sentimentos de origem primitiva.  

Se considerarmos que o Titã é “pessoa ou coisa de grande tamanho”, o “indivíduo titã”, que tem por característica principal o poder, olha o outro como ser inferior, apesar de ele ser mais frágil do que nós pressupomos, pois esconde um ponto frágil em sua personalidade que não pode aparecer.

Você consegue olhar e reconhecer seu lado Titã?
Será que você o camufla com o seu lado deus-herói?

Elizabeth Sartori
Psicanalista

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O QUE É SER MATERIALISTA?

Tive a oportunidade de refletir sobre esse tema e gostaria de compartilhar com você.

Entendo que o materialista é aquele que põe em primeiro lugar o material, os seus interesses não levam em conta o ser humano.

Ao lado de minha casa funciona uma mecânica, tudo bem até aí, mas acordar as 06h da manhã com o indivíduo acelerando um carro e esfumaçando minha casa, não dá. Antes da instalação dessa mecânica eu acordava com o canto dos pássaros, agora é com o ronco de motores e o primeiro ar que respiro é monóxido de carbono. Fazer o quê? Arrumo-me e saio.

Vou para uma empresa e chegando lá a encontro renovando a pintura de suas paredes. Primeiro passo é preciso lixar. Imagine só a quantidade de pó sendo inaladada pelos empregados daquele escritório e por mim que estava lá. Como não bastasse o pó, veio logo em seguida a pintura. Ah! A pintura... uma tinta com um cheiro insuportável, mais barata, é claro. Para que? Para embelezar paredes que haviam sido pintadas há uns meses atrás ou teria uma razão mais “nobre”?

E, então, para fechar com chave de ouro, transitando pela marginal, me vi enfurecida com o descaso que o governo tem com relação à poluição que os caminhões deixam para tráz. A maioria desses caminhões não são de São Paulo e por isso eles podem vir de suas cidades e deixar seu rastro negro. O que esses indivíduos ganham com isso? Economia? Porque a lei serve para uns e não para outros? Como é que é isto?

Sentindo raiva de tudo esse descaso que começou logo cedo, me vi incapaz de fazer algo diretamente à cada um desses indivíduos que os fizesse se conscientizar da sua autodestruição e da destruição alheia. Era como estar só enfrentando o dragão da inconsciência. Como eles podem respeitar o ser humano se eles mesmos não se respeitam?

Esses indivíduos conduzem-nos aos médicos, às farmácias, às desconfiança de suas intenções tão nobres como consertar devidamente um carro, deixar a aparência do escritório mais bonita e carregar o que preciso for pelas estradas de um destino ao outro.

Quando um indivíduo se propõe a enxergar como ser humano a si mesmo, ele certamente verá o outro também como tal.

Sabemos que o ideal para a nossa vida está em se equilibrar e que sempre teremos em nossa vida a luta entre os opostos, tais como: bom-ruim, ganância-generosidade, consciência-inconsciência, materialista-altruista. Não quero dizer com esse desabafo que o material em si é ruim porque senão seríamos eremitas no deserto. O que prejudica e impede a evolução é a unilateralidade desses indivíduos, uma vez que seus propósitos vão de encontro ao que há de ruim neles, poder e ganância de ordem financeira, status, ignorância ou outra qualquer.

Elizabeth Sartori
Psicanalista