Muito se pode aprender com os
jovens e também com os velhos, mas não se dá muita atenção aos ensinamentos.
As experiências que eles vivem ou
viveram não são as mesmas que vivemos? Mas por que quando queremos transmitir a
nossa experiência a tomamos como únicas e sofridas e não damos atenção àquele
que teve uma experiência semelhante?
Penso que se trata de um processo
narcísico. Tomemos o caso de um mal estar físico corriqueiro, por exemplo, uma
dor no pescoço por má postura.
A pessoa sente a dor por dias,
semanas e até meses, mas aguenta e coloca nela toda a atenção, superinvestindo
de energia o ponto dolorido. Ela não se vê como um todo e sim uma parte do
todo.
Na linha psicanalítica Lacaniana
fala-se do estádio do espelho. A criança, quando começa a se perceber, olha
pela primeira vez no espelho e pronto! Ela se descobre, ela se vê, fica
emocionada com seus aspectos corporais, acredita que o espelho mostrou-lhe por
inteiro, mas não é verdade, existe um ponto que ela não viu, os olhos. Existe
uma lacuna, falta algo.
Pense na pessoa com dor. Ela se
olha, mas vê somente uma parte de seu corpo. O local da dor.
Bem, na tentativa de aplacar a
dor que sente, num primeiro momento a pessoa procura fazer uso dos remédios que
são fáceis de comprar e dos quais todo mundo fala sem conhecimento de causa, e
em caso de não dar certo, ela vai se consultar com um médico que lhe pede
exames e depois lhe receita mais remédios. Então a dor que já tinha algum
tempo, toma proporções maiores.
Então, voltemos às perguntas. O
processo psíquico é individual, assim como não existe duas digitais iguais. As
experiências são como elos de uma corrente e todos os elos juntos fazem a
corrente. Mas será que somos suficientemente capazes de descobrirmos sozinhos
que deixamos de ver os olhos no espelho ou que ainda não existe a corrente?
e.mail: beth.psicanalista@yahoo.com.br
atendimentos na Zona Norte e Zona Sul de São Paulo.