segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Segredo - Elos de uma corrente.

Muito se pode aprender com os jovens e também com os velhos, mas não se dá muita atenção aos ensinamentos.

As experiências que eles vivem ou viveram não são as mesmas que vivemos? Mas por que quando queremos transmitir a nossa experiência a tomamos como únicas e sofridas e não damos atenção àquele que teve uma experiência semelhante?

Penso que se trata de um processo narcísico. Tomemos o caso de um mal estar físico corriqueiro, por exemplo, uma dor no pescoço por má postura.

A pessoa sente a dor por dias, semanas e até meses, mas aguenta e coloca nela toda a atenção, superinvestindo de energia o ponto dolorido. Ela não se vê como um todo e sim uma parte do todo.

Na linha psicanalítica Lacaniana fala-se do estádio do espelho. A criança, quando começa a se perceber, olha pela primeira vez no espelho e pronto! Ela se descobre, ela se vê, fica emocionada com seus aspectos corporais, acredita que o espelho mostrou-lhe por inteiro, mas não é verdade, existe um ponto que ela não viu, os olhos. Existe uma lacuna, falta algo.

Pense na pessoa com dor. Ela se olha, mas vê somente uma parte de seu corpo. O local da dor.

Bem, na tentativa de aplacar a dor que sente, num primeiro momento a pessoa procura fazer uso dos remédios que são fáceis de comprar e dos quais todo mundo fala sem conhecimento de causa, e em caso de não dar certo, ela vai se consultar com um médico que lhe pede exames e depois lhe receita mais remédios. Então a dor que já tinha algum tempo, toma proporções maiores.


Então, voltemos às perguntas. O processo psíquico é individual, assim como não existe duas digitais iguais. As experiências são como elos de uma corrente e todos os elos juntos fazem a corrente. Mas será que somos suficientemente capazes de descobrirmos sozinhos que deixamos de ver os olhos no espelho ou que ainda não existe a corrente?





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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Defesas

A primeira atitude de uma pessoa diante de um obstáculo é se defender assim como o animal que quando se vê diante de um perigo, se coloca em prontidão para atacar ou ataca.

Em psicanálise essas ações têm por finalidade reduzir ou eliminar qualquer manifestação que ponha em perigo a integridade do ego. Se ver em perigo seja ele qual for traz angústias e a intensidade delas deixam os mecanismos de defesa mais ativados.

As pessoas podem querer equilibrar suas qualidades com suas deficiências, como uma pessoa que não consegue amar pode passar a sentir dores para não ter que se perguntar ou enfrentar as dificuldades que a levam a falta de amor.
 
Existem também aquelas pessoas que se refugiam na fantasia, sonham acordadas com algo que poderá nunca acontecer. Elas se defendem do desprazer da sua realidade.

Há também aquelas que se sentem cobradas o tempo todo e lutam contra a sua suposta  incapacidade, se veem pouco inteligentes justificando seu erro com tal veemência que é impossível o outro contradizer.

Ou aquele que passa a não confiar nas pessoas com as mesmas características de uma pessoa que lhe decepcionou. Exemplo disso, temos nas frases: Todos os homens são canalhas. Todas as mulheres são vulgares.


Têm também aquelas que colocam o perigo sempre presente e prestes a prejudicá-las, outras que imitam as características das pessoas que lhe chamam a atenção; outras que usam a mentira para salvar-se dos possíveis castigos, outras que regridem à fases menos dolorosas e para terminar as chamadas projeções em psicanálise que é: Tudo que vejo nele(a) de bom ou de ruim é meu também e por isso eu a enalteço ou a critico. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Redução de ser

A criança não tem fala suficiente quando está reduzida. Ela precisa falar para mostrar o quanto tem de lacunas na sua estrutura psíquica assim como os pais. A criança sabe quem ela não é, mas não sabe quem é, assim como o indivíduo que não tem palavras, mas tem objetos à sua disposição para construir a cadeia de significantes.

Ex.: Menino vomita quando houve a voz do pai.
O menino se olha no espelho (pai) e vê o quanto a mãe rejeita o pai.

A criança só tem um campo para mostrar sua metonímia. Vai se definindo algumas coisas no seu desejo. Vê um objeto que significa o seu conflito, ela não quer o objeto em si, mas para se significar. Ex.: Colecionadores.

A compra de sapatos, bolsas, acessórios, roupas é uma tentativa de aumentar a verbalização. Mas se ficar reduzido a buscar no exterior as suas expressões ficará sempre buscando objetos para se significar, a dizer quem é porque a tendência do ter é fruto da fragmentação do seu jeito. No caso da redução demasiada dos objetos, existe um desejo muito grande do indivíduo que esses objetos não conseguem suprir, portanto tudo o que o indivíduo deseja não é o que ele quer.

Se, p.ex. o corpo atrair numa pessoa, essa é a redução do indivíduo, é a obsessão do desejo. Todos os desejos são buracos e não é isso o que se deseja, porque só pode compor os desejos faltantes. É o que sobrou, não consegue ver o que significa. Se o indivíduo fala, o corpo não precisa falar. A dor no corpo é uma forma de falar sobre algo que está para ser significado. O que tiraram de mim?

Segundo Miller, J-A. (1998). “O osso de uma análise”, trata-se de outra concepção de significante, não apenas como aquilo que mortifica o corpo, que libera do corpo o mais-de-gozar, mas que determina o regime de gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do ser falante. O gozo já não é apenas gozo do corpo, mas também gozo da linguagem, na medida em que o indivíduo tem um corpo.

 “De modo que, para o impossível, a saída analítica é pela contingência, indicando que a solução seja o tornar possível ao sujeito lidar com o gozo, mas de um modo que não indique a prisão na necessidade própria do sintoma. Para o necessário, a saída indicada como o caminho possível não difere da forma contingente, já que o contingente se define por aquilo que é possível, mas não necessário.” (Fábio Santos Bispo).



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quinta-feira, 3 de setembro de 2015