A
criança não tem fala suficiente quando está reduzida. Ela precisa falar para
mostrar o quanto tem de lacunas na sua estrutura psíquica assim como os pais. A
criança sabe quem ela não é, mas não sabe quem é, assim como o indivíduo que não
tem palavras, mas tem objetos à sua disposição para construir a cadeia de
significantes.
Ex.:
Menino vomita quando houve a voz do pai.
O
menino se olha no espelho (pai) e vê o quanto a mãe rejeita o pai.
A
criança só tem um campo para mostrar sua metonímia. Vai se definindo algumas
coisas no seu desejo. Vê um objeto que significa o seu conflito, ela não quer o
objeto em si, mas para se significar. Ex.: Colecionadores.
A
compra de sapatos, bolsas, acessórios, roupas é uma tentativa de aumentar a
verbalização. Mas se ficar reduzido a buscar no exterior as suas expressões
ficará sempre buscando objetos para se significar, a dizer quem é porque a
tendência do ter é fruto da fragmentação do seu jeito. No caso da redução
demasiada dos objetos, existe um desejo muito grande do indivíduo que esses
objetos não conseguem suprir, portanto tudo o que o indivíduo deseja não é o
que ele quer.
Se,
p.ex. o corpo atrair numa pessoa, essa é a redução do indivíduo, é a obsessão
do desejo. Todos os desejos são buracos e não é isso o que se deseja, porque só
pode compor os desejos faltantes. É o que sobrou, não consegue ver o que
significa. Se o indivíduo fala, o corpo não precisa falar. A dor no corpo é uma
forma de falar sobre algo que está para ser significado. O que tiraram de mim?
Segundo Miller, J-A. (1998). “O osso
de uma análise”, trata-se de outra concepção de significante, não apenas como
aquilo que mortifica o corpo, que libera do corpo o mais-de-gozar, mas que
determina o regime de gozo (intensidade
de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do ser falante. O gozo já não é
apenas gozo do corpo, mas também gozo da linguagem, na medida em que o
indivíduo tem um corpo.
“De modo que,
para o impossível, a saída analítica é pela contingência, indicando que a
solução seja o tornar possível ao sujeito lidar com o gozo, mas de um modo que
não indique a prisão na necessidade própria do sintoma. Para o necessário, a
saída indicada como o caminho possível não difere da forma contingente, já que
o contingente se define por aquilo que é possível, mas não necessário.”
(Fábio Santos Bispo).
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