segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Redução de ser

A criança não tem fala suficiente quando está reduzida. Ela precisa falar para mostrar o quanto tem de lacunas na sua estrutura psíquica assim como os pais. A criança sabe quem ela não é, mas não sabe quem é, assim como o indivíduo que não tem palavras, mas tem objetos à sua disposição para construir a cadeia de significantes.

Ex.: Menino vomita quando houve a voz do pai.
O menino se olha no espelho (pai) e vê o quanto a mãe rejeita o pai.

A criança só tem um campo para mostrar sua metonímia. Vai se definindo algumas coisas no seu desejo. Vê um objeto que significa o seu conflito, ela não quer o objeto em si, mas para se significar. Ex.: Colecionadores.

A compra de sapatos, bolsas, acessórios, roupas é uma tentativa de aumentar a verbalização. Mas se ficar reduzido a buscar no exterior as suas expressões ficará sempre buscando objetos para se significar, a dizer quem é porque a tendência do ter é fruto da fragmentação do seu jeito. No caso da redução demasiada dos objetos, existe um desejo muito grande do indivíduo que esses objetos não conseguem suprir, portanto tudo o que o indivíduo deseja não é o que ele quer.

Se, p.ex. o corpo atrair numa pessoa, essa é a redução do indivíduo, é a obsessão do desejo. Todos os desejos são buracos e não é isso o que se deseja, porque só pode compor os desejos faltantes. É o que sobrou, não consegue ver o que significa. Se o indivíduo fala, o corpo não precisa falar. A dor no corpo é uma forma de falar sobre algo que está para ser significado. O que tiraram de mim?

Segundo Miller, J-A. (1998). “O osso de uma análise”, trata-se de outra concepção de significante, não apenas como aquilo que mortifica o corpo, que libera do corpo o mais-de-gozar, mas que determina o regime de gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do ser falante. O gozo já não é apenas gozo do corpo, mas também gozo da linguagem, na medida em que o indivíduo tem um corpo.

 “De modo que, para o impossível, a saída analítica é pela contingência, indicando que a solução seja o tornar possível ao sujeito lidar com o gozo, mas de um modo que não indique a prisão na necessidade própria do sintoma. Para o necessário, a saída indicada como o caminho possível não difere da forma contingente, já que o contingente se define por aquilo que é possível, mas não necessário.” (Fábio Santos Bispo).



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