sexta-feira, 27 de março de 2015

FEMININO E MASCULINO - Duas formas clássicas de ver.

Ao longo da vida vi e convivo com mulheres e homens que reclamam sobre a incapacidade de se relacionar. Entendo que todos os incômodos são sofridos pelo Ego porque somos ignorantes do que a nossa alma quer dizer. Quando nascemos, as pessoas que nos cercam vão nos ensinando a falar a língua delas, a pensar como elas e a viver como elas. Somos alfabetizados por eles. Mas quando ganhamos um pouco de consciência vamos entendendo que não falamos a língua da alma e aí fica difícil responder as nossas mais profundas perguntas. Essa língua estranha nos fala através de situações que "cutucam" o Ego, como se fosse uma mímica e nós ficamos tentando adivinhar o que ela quer nos dizer. Entre tantos outros, temos os arquétipos da Anima (parte feminina no homem) e do Animus (parte masculina na mulher). Dois aspéctos da alma que pedem compreensão e integração.

“O que se passa com a masculinidade? Sabes quanta feminilidade falta ao homem para seu aperfeiçoamento? Sabes quanta masculinidade falta à mulher para seu aperfeiçoamento? Vós procurais o feminino na mulher e o masculino no homem. E assim há sempre apenas homens e mulheres. Mas onde estão as pessoas? Tu, homem, não deves procurar o feminino na mulher, mas, deves procurá-lo e reconhecê-lo em ti, pois tu [o] possuis desde o começo. Mas gostas de desempenhar o papel da masculinidade, porque isto flui pelo caminho desimpedido do tradicional. Tu, mulher, não deves procurar o masculino no homem, mas deves aceitar em ti o masculino, pois tu o possuis desde o começo. Mas isto te diverte e é fácil fazer o papel de mulherzinha, por isso o homem te despreza, pois ele despreza o feminino. Mas a pessoa é masculina e feminina, não é só homem ou mulher. De tua alma não sabes dizer de que gênero ela é. Mas se prestares bem atenção, verás que o homem mais masculino tem alma feminina e que a mulher mais feminina tem alma masculina.” (JUNG, 2013, p.203, Livro Vermelho)

 “A possessão pela anima ou pelo animus transforma a personalidade de modo a dar proeminência àqueles traços que são considerados psicologicamente característicos do sexo oposto. Em um ou outro caso, uma pessoa perde a individualidade, antes de tudo, e, consequentemente, tanto o encanto como os valores. Em um homem, ele fica dominado pela anima e pelo princípio de EROS com conotações de inquietação, promiscuidade, mau humor, sentimentalidade – o que quer se possa definir como uma emocionalidade irreprimida. Uma mulher sujeita à autoridade do animus e do LOGOS é controladora, obstinada, cruel, dominadora. Ambos tornam-se unilaterais. Ele é seduzido por pessoas inferiores e forma ligações pouco significativas; ela, sendo absorvida por um pensamento de segunda classe, marcha à frente sob a égide de convicções que não levam em conta os relacionamentos.”(SAMUELS, et al,p. 36)

E como diz Fabrício Moraes: "Reconhecer o Outro e integrar sua diferença em nossa realidade psíquica é uma atividade heróica".

Elizabeth Sartori
Psicanalista
Atendimento na Zona Sul e Zona Norte
(11) 9.9218-2418

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