Tomemos o exemplo de uma família
cujos pais nasceram na década de 1930. Naquela época não tinha as inovações que
se tem hoje. A mulher, por não conseguir trabalho e quando conseguia, ganhava
bem menos que os homens a levava a ficar em casa para cuidar dos filhos
enquanto o marido trazia o sustento.
Não tinha televisão. Telefone só
em pouquíssimas casas. Internet era inimaginável, etc. As pessoas viviam mais
da terra e os grandes empresários começaram a surgir no começo do século, entre
eles os Matarazzo que trouxe a tão famosa farinha de trigo que faz parte de
nossa alimentação nos dias de hoje.
Considerando que esses pais,
vinte anos depois, ou seja, por volta de 1950 casaram e tiveram seus filhos que
também viveram uma situação de falta de tecnologia, emprego e outros, mas não
tão rudimentar quanto seus pais traziam em sua constituição uma boa parte da
cultura deles e se viam na condição de se “submeter” às suas “ordens” como se
eles fossem os únicos detentores do saber.
Mais 20 anos se passaram e essa
geração de 1950 agora tem seus filhos que viveram a explosão da tecnologia, a
globalização, etc. e mesmo assim, trazem dentro de si a década de 1930 não
compreendendo que o tempo passou. Tempo esse que exige um posicionamento diferente
da dos seus avós e pais.
E assim, cada geração carrega
consigo a herança de seus antepassados não compreendendo que o que fazem,
apesar de todo o desenvolvimento, de todas as descobertas, é tentar validar
esse conhecimento de séculos atrás.
Ao se portar assim, mesmo que
neguem ou que não tenham consciência do fato, deixam de ter sua individualidade
e, portanto, de exercitar seu poder de criação para colaborar com o desenvolvimento
de si mesmo.
Aqueles que não procuram o
autoconhecimento, passam pela vida vivendo uma fantasia e angustiados, pois não
sabem “QUEM SÃO”.
Elizabeth Sartori
Psicanalista