quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A MARCA DAS GERAÇÕES

Tomemos o exemplo de uma família cujos pais nasceram na década de 1930. Naquela época não tinha as inovações que se tem hoje. A mulher, por não conseguir trabalho e quando conseguia, ganhava bem menos que os homens a levava a ficar em casa para cuidar dos filhos enquanto o marido trazia o sustento.

Não tinha televisão. Telefone só em pouquíssimas casas. Internet era inimaginável, etc. As pessoas viviam mais da terra e os grandes empresários começaram a surgir no começo do século, entre eles os Matarazzo que trouxe a tão famosa farinha de trigo que faz parte de nossa alimentação nos dias de hoje.

Considerando que esses pais, vinte anos depois, ou seja, por volta de 1950 casaram e tiveram seus filhos que também viveram uma situação de falta de tecnologia, emprego e outros, mas não tão rudimentar quanto seus pais traziam em sua constituição uma boa parte da cultura deles e se viam na condição de se “submeter” às suas “ordens” como se eles fossem os únicos detentores do saber.

Mais 20 anos se passaram e essa geração de 1950 agora tem seus filhos que viveram a explosão da tecnologia, a globalização, etc. e mesmo assim, trazem dentro de si a década de 1930 não compreendendo que o tempo passou. Tempo esse que exige um posicionamento diferente da dos seus avós e pais.

E assim, cada geração carrega consigo a herança de seus antepassados não compreendendo que o que fazem, apesar de todo o desenvolvimento, de todas as descobertas, é tentar validar esse conhecimento de séculos atrás.

Ao se portar assim, mesmo que neguem ou que não tenham consciência do fato, deixam de ter sua individualidade e, portanto, de exercitar seu poder de criação para colaborar com o desenvolvimento de si mesmo.

Aqueles que não procuram o autoconhecimento, passam pela vida vivendo uma fantasia e angustiados, pois não sabem “QUEM SÃO”.

Elizabeth Sartori

Psicanalista

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