domingo, 12 de julho de 2009

Resistência

RESISTÊNCIA
O termo resistência segundo a psicanálise freudiana indica uma atitude de oposição do sujeito em relação a tomar consciência de seus desejos e impulsos os quais dão origem aos sintomas da patologia. É uma forma específica de defesa, como ligação estreita com o sofrimento determinado pela necessidade de punição, como repetição coagida de momentos dolorosos.

Segundo Fairbairn: “O primariamente reprimido não consiste nas intoleráveis recordações desagradáveis, mas sim nos intoleráveis objetos maus internalizados...a maior fonte de resistência é constituída pelo temor à liberação dos objetos maus do inconsciente, porque quando são estes libertos, o mundo que rodeia o enfermo torna-se povoado por demônios que o aterrorizam...somente através de uma crescente intensificação da transferência (isto é, através do deslocamento gradual da libido de um objeto internalizado reprimido a um objeto exterior) pode ser eliminada a principal fonte de resistência...”

No pensamento junguiano a resistência é entendida como imagem de oposição psíquica, ou seja, refere-se às noções de unilateralidade e de par de opostos.

A resistência é uma defesa contra a ampliação da consciência, que é uma característica da fase infantil quando o indivíduo quer permanecer em “participação mística”, quer continuar a ser criança isento de responsabilidades consigo mesma. Essa criança rejeita tudo o que é estranho ao ego, ou então, sujeita o estranho ao seu ego imaturo, não querendo fazer nada, estabelecendo fantasias de poder e domínio. É uma fase egoísta e não dualista, na qual o indivíduo se vê diante da necessidade de reconhecer e aceitar aquilo que é diferente e estranho como parte do Todo.

Mantendo a consciência dentro de estreitos limites, não permitindo que a tensão dos opostos se conclua e de origem a um estado de consciência mais ampla, o indivíduo se protege contra o que é novo e estranho e regride ao passado ou se identifica com o novo e foge do passado. A projeção de consumar altas esperanças e objetivos distantes constitui o impulso manifesto da vida que se converte em medo da vida, em resistências neuróticas, depressões e fobias, levando o indivíduo a não realização no presente, pois recua diante de certos riscos sem os quais não se podem atingir as metas prefixadas.

O inconsciente tem uma força poderosíssima, onde contem muita vida, toda a natureza do indivíduo, mas o indivíduo luta para não tomar contato com esta força, com um medo secreto de sucumbir a ela e ser tomado por uma doença mental e/ou perda da consciência. Encontramos esse medo no homem primitivo como se fora uma magia das mais temidas. A resistência se faz presente levando o indivíduo a viver com devaneios e ilusões oriundos de um ego infantil. O indivíduo se refugia na consciência ainda pobre de vida, como porto seguro contra os ataques do inconsciente, no entanto, somente uma aceitação e uma negociação com essas forças, hasteando a bandeira branca, é que este indivíduo terá a perspectiva de solução e amadurecimento
.
Essa negociação que se faz com as unilateralidades, com os opostos, positivo e negativo, esperança e desconfiança, atração e resistência, amor e ódio intermediando e exigindo uma reconciliação entre eles.



Dicionário Junguiano
Paolo Francesco Pieri, Ed. Vozes
Séculos XX e XXI – O que permanece e o que se transforma
Instinto de Vida e de Morte
IV-Atualização em Medicina Psicossomática e Psicoterapia de Grupo
Editora Lemos
Ab-reação, análise dos sonhos, transferência
C.G.Jung, Ed. Vozes
A natureza da psique
C.G.Jung, Ed.Vozes

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