“As fábulas são verdadeiras!” dizia Ítalo Calvino. “São uma explicação geral da vida através das experiências humanas, nossa trajetória no perfazer de um destino: o nascimento, a juventude, o afastamento de casa, as provas para tornar-se adulto e depois maduro, para então confirmar-se como ser humano”.
“Pinóquio é a estória de um menino que de tanto tomar decisões erradas compreendeu que a verdadeira transformação não vem de fora, não vem daquilo que esperam dele. A verdadeira transformação acontece quando decide de verdade mudar sua atitude, quando isso vem de dentro, quando vem daquilo que ele próprio espera de si.” Alexandra Golik e Carla Candiotto, Cia Le Plat du Jour, Texto e direção.
“...Talvez porque o personagem seja humano demais, desastrado demais, amoroso demais, intenso demais, egoísta demais para ser de fato um boneco. Ele já é gente sem saber que é.” Professor Wilton Ormundo, Gestor Cultural e Coordenador Pedagógico do CCGSS
“Espero que o público seja tocado pela singeleza, pela graça e pela beleza das aventuras de um boneco que quer ser gente, mas que, na verdade, já se mostra criança desde seu nascimento.” Cíntia Abravanel, Diretora-presidente do CCGSS
Eu tive o prazer de assistir a este maravilhoso espetáculo que está em cartaz no Teatro Imprensa, na Rua Jaceguai, 400, Bela Vista. Foi uma experiência gratificante que começou antes mesmo de entrar no teatro. Fui tomada de uma alegria igual a de uma criança e quando lá estava, dentro do teatro era como se naquele pouco tempo eu vivesse a minha criança interior, me envolvi, ri, torci e fiquei feliz no final, mas sobretudo observei as crianças que lá estavam e, com inocência, participavam com seus comentários em voz alta, na tentativa de mostrar ao Pinóquio qual era a saída. Foi maravilhoso perceber e sentir toda aquela energia lúdica e séria ao mesmo tempo. Elizabeth Sartori, A Aprendiz.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
DESABAFAR ou BUSCAR A LIBERDADE???
Pensando em “Desabafar muda o cérebro”, entrevista publicada na Revista Época, edição. 471, de 28/05/07:
“Falar sobre as dores vividas é essencial para superar um trauma. Ao fazer isso, a pessoa é capaz de reorganizar sentimentos. Até aí, nenhuma novidade. O psicólogo Júlio Peres, de 38 anos, foi além. Conseguiu mostrar que a conversa modifica o funcionamento do cérebro.
A pesquisa, tema de doutorado de Peres em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo, deve ser publicada na revista Journal of Psychological Medicine. O estudo foi feito com 16 pacientes que sofreram estresse pós-traumático parcial (que não apresentam todos os critérios de diagnóstico).Eles passaram por oito sessões de psicoterapia. Os indivíduos narraram o momento traumático várias vezes. Depois, foram convidados a relembrar situações difíceis que viveram anteriormente e a sensação positiva que tiveram ao superar o problema. Exames de tomografia ao final do tratamento revelaram que o funcionamento cerebral é modificado com a narração. “Quem passou pela psicoterapia apresentou maior atividade no córtex pré-frontal, que está envolvido com a classificação e a “rotulagem” da experiência”, diz Peres. “Por outro lado, a atividade da amígdala, que está relacionada à expressão do medo, foi menos intensa”.
Isso fortalece a tese de que falar sobre o problema ajuda a pessoa traumatizada a controlar a memória da dor que sofreu.”
O Sr.Júlio Peres abordou explendidamente, dentro de seu contexto de conhecimentos, a melhora nas pessoas que acompanhou, no entanto, procuro aprofundar esse assunto na tentativa de levá-lo à reflexão. Poderia discorrer aqui sobre os “links” complexo-relação com os pais-tipo psicológico, etc. Dentro da linha que atuo não entendo o desabafo sem que ocorra entendimentos e assimilação sincera dos sentimentos na busca de um estado de liberdade interior.
Quando se fala em desabafo pensa-se logo em algo impelido pelo impulso de “jogar para fora” o que está incomodando, o que a princípio pode ser correto, pois a pessoa chega a um limite tal que nada mais importa a não ser transformar os sentimentos em palavras na esperança de ser agraciada com um ganho que poderia ser: a busca de uma solução, a conquista pela vitimização, o estabelecimento do poder, etc.
Existem pessoas que passam anos encarceradas dentro de um estado incômodo, sobre o qual nem consciência tem, chegando a responsabilizar outras pessoas pela sua incapacidade de entender, de sentir, de se expressar. É tema que poderíamos abordar dentro dos mecanismos de defesa. Haveria de se perguntar:
Com que constância e em que situação acionamos nossos mecanismos de desfesa?
Por quê?
Para que?
Estamos cientes deles?
Pelo que pude observar, essas pessoas tem sempre um NÃO como resposta às indagações da Vida. Se mostram indiferentes, insensíveis e implacáveis, são as chamadas “Cabeça-Dura”. Giram e giram em torno de um assunto, mas não saem do lugar e preferem então, deslocar essa energia para alguma atividade que lhes tome tempo e muitas vezes, que não lhes dão prazer, na esperança de receber aplausos para anestesiar a sua dor; ou então, as leva ao isolamento para que assim possam se sentir “vítimas do destino” para evitar a sua exposição diante das situações.
Essas pessoas tem em mente a quantidade e deixam de perceber a qualidade da situação em que estão envolvidas, levando-as à agressão, resistência, apatia, descaso; atitudes estas manifestadas através de gestos, da fala, do olhar, de atitudes.
Isso me faz pensar no conceito sobre uma pessoa que não quer ou não pode crescer psicologicamente, ou seja, a chamada pessoa “Infantil”. É a pessoa que apresenta imaturidade, repressão de sentimentos, atitudes inadequadas diante de uma situação, preguiça, ingenuidade e credulidade negativa, atitude fantasiosa com alheamento da realidade, inadaptação social, isolamento, narcisismo, fuga a responsabilidades, atitudes desdenhosas em relação à sua vida e à de outros, vive provisoriamente em função do futuro fantasioso, e outras.
Fecho com uma frase:
“Ter uma atitude negativa é revelar o que se quer evitar”.
“Falar sobre as dores vividas é essencial para superar um trauma. Ao fazer isso, a pessoa é capaz de reorganizar sentimentos. Até aí, nenhuma novidade. O psicólogo Júlio Peres, de 38 anos, foi além. Conseguiu mostrar que a conversa modifica o funcionamento do cérebro.
A pesquisa, tema de doutorado de Peres em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo, deve ser publicada na revista Journal of Psychological Medicine. O estudo foi feito com 16 pacientes que sofreram estresse pós-traumático parcial (que não apresentam todos os critérios de diagnóstico).Eles passaram por oito sessões de psicoterapia. Os indivíduos narraram o momento traumático várias vezes. Depois, foram convidados a relembrar situações difíceis que viveram anteriormente e a sensação positiva que tiveram ao superar o problema. Exames de tomografia ao final do tratamento revelaram que o funcionamento cerebral é modificado com a narração. “Quem passou pela psicoterapia apresentou maior atividade no córtex pré-frontal, que está envolvido com a classificação e a “rotulagem” da experiência”, diz Peres. “Por outro lado, a atividade da amígdala, que está relacionada à expressão do medo, foi menos intensa”.
Isso fortalece a tese de que falar sobre o problema ajuda a pessoa traumatizada a controlar a memória da dor que sofreu.”
O Sr.Júlio Peres abordou explendidamente, dentro de seu contexto de conhecimentos, a melhora nas pessoas que acompanhou, no entanto, procuro aprofundar esse assunto na tentativa de levá-lo à reflexão. Poderia discorrer aqui sobre os “links” complexo-relação com os pais-tipo psicológico, etc. Dentro da linha que atuo não entendo o desabafo sem que ocorra entendimentos e assimilação sincera dos sentimentos na busca de um estado de liberdade interior.
Quando se fala em desabafo pensa-se logo em algo impelido pelo impulso de “jogar para fora” o que está incomodando, o que a princípio pode ser correto, pois a pessoa chega a um limite tal que nada mais importa a não ser transformar os sentimentos em palavras na esperança de ser agraciada com um ganho que poderia ser: a busca de uma solução, a conquista pela vitimização, o estabelecimento do poder, etc.
Existem pessoas que passam anos encarceradas dentro de um estado incômodo, sobre o qual nem consciência tem, chegando a responsabilizar outras pessoas pela sua incapacidade de entender, de sentir, de se expressar. É tema que poderíamos abordar dentro dos mecanismos de defesa. Haveria de se perguntar:
Com que constância e em que situação acionamos nossos mecanismos de desfesa?
Por quê?
Para que?
Estamos cientes deles?
Pelo que pude observar, essas pessoas tem sempre um NÃO como resposta às indagações da Vida. Se mostram indiferentes, insensíveis e implacáveis, são as chamadas “Cabeça-Dura”. Giram e giram em torno de um assunto, mas não saem do lugar e preferem então, deslocar essa energia para alguma atividade que lhes tome tempo e muitas vezes, que não lhes dão prazer, na esperança de receber aplausos para anestesiar a sua dor; ou então, as leva ao isolamento para que assim possam se sentir “vítimas do destino” para evitar a sua exposição diante das situações.
Essas pessoas tem em mente a quantidade e deixam de perceber a qualidade da situação em que estão envolvidas, levando-as à agressão, resistência, apatia, descaso; atitudes estas manifestadas através de gestos, da fala, do olhar, de atitudes.
Isso me faz pensar no conceito sobre uma pessoa que não quer ou não pode crescer psicologicamente, ou seja, a chamada pessoa “Infantil”. É a pessoa que apresenta imaturidade, repressão de sentimentos, atitudes inadequadas diante de uma situação, preguiça, ingenuidade e credulidade negativa, atitude fantasiosa com alheamento da realidade, inadaptação social, isolamento, narcisismo, fuga a responsabilidades, atitudes desdenhosas em relação à sua vida e à de outros, vive provisoriamente em função do futuro fantasioso, e outras.
Fecho com uma frase:
“Ter uma atitude negativa é revelar o que se quer evitar”.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Desapego
DESAPEGO
Estive pensando e refletindo sobre o porquê de nos apegarmos a situações que já se esgotaram e que fazem com que continuemos lá, acorrentados a ferros, sem saber onde estão as chaves que abrem essas fechaduras.
Arrastamos por muito tempo essas correntes na condição de escravos de nós mesmos. É fácil aconselhar e dizer, sem tocar a alma:
-DESAPEGUE-SE!
Desejamos algo e como cegos nos entregamos aos devaneios e aos sentimentos mais profundos dos quais sequer temos noção até que olhemos para nós mesmos e nos perguntemos:
-POR QUÊ?
-DO QUE É QUE EU NÃO QUERO ABRIR MÃO?
-DO QUE É QUE EU NÃO QUERO ME DESFAZER?
Para responder essas perguntas é preciso coragem e sinceridade por parte de quem as faz, uma vontade profunda de se descobrir, de se disponibilizar para novos caminhos.
Recentemente assisti a um filme que, entre tantos outros, mostrou-me a força dessas correntes.
HERÓI, um grande épico das artes marciais em que um guerreiro quer vingar-se, matando o Imperador, por ter tido sua família morta durante um ataque do exército chinês.
Fica muitíssimo claro que, neste caso, dominado pelo ódio e vingança, esse homem trazia em seu coração os mais duros sentimentos e que não estando disponível ao entendimento/desapego, não enxergava os propósitos mais nobres do Imperador, a unificação do povo chinês. No final do filme esse homem é tocado na alma o que faz dele, o Herói.
Aqui as correntes foram o ódio e a vingança, mas poderia ter sido: culpa, medo, poder, segurança, ressentimento, menos valia, dinheiro, cargo, posição social... A intensidade dessas energias pode nos levar a pensar que estamos em atividade, mas se olharmos com compreensão veremos e sentiremos o quanto poderemos estar "parados, presos dentro de um círculo que não se amplia, que nada produz, que não tem sentido.
FINALMENTE, O DESAPEGO SIGNIFICA O INÍCIO DE NOSSA LIBERDADE. O FIM DE NOSSA PRISÃO DE VALORES E A OPORTUNIDADE DE NOS TORNARMOS EFETIVAMENTE SABEDORES DE QUE SOMOS OS SENHORES DE NOSSOS DESTINOS E QUE PODEMOS, SIM, TRANSCENDER OS LIMITES DAS NOSSAS INCAPACIDADES.
Elizabeth Sartori
Estive pensando e refletindo sobre o porquê de nos apegarmos a situações que já se esgotaram e que fazem com que continuemos lá, acorrentados a ferros, sem saber onde estão as chaves que abrem essas fechaduras.
Arrastamos por muito tempo essas correntes na condição de escravos de nós mesmos. É fácil aconselhar e dizer, sem tocar a alma:
-DESAPEGUE-SE!
Desejamos algo e como cegos nos entregamos aos devaneios e aos sentimentos mais profundos dos quais sequer temos noção até que olhemos para nós mesmos e nos perguntemos:
-POR QUÊ?
-DO QUE É QUE EU NÃO QUERO ABRIR MÃO?
-DO QUE É QUE EU NÃO QUERO ME DESFAZER?
Para responder essas perguntas é preciso coragem e sinceridade por parte de quem as faz, uma vontade profunda de se descobrir, de se disponibilizar para novos caminhos.
Recentemente assisti a um filme que, entre tantos outros, mostrou-me a força dessas correntes.
HERÓI, um grande épico das artes marciais em que um guerreiro quer vingar-se, matando o Imperador, por ter tido sua família morta durante um ataque do exército chinês.
Fica muitíssimo claro que, neste caso, dominado pelo ódio e vingança, esse homem trazia em seu coração os mais duros sentimentos e que não estando disponível ao entendimento/desapego, não enxergava os propósitos mais nobres do Imperador, a unificação do povo chinês. No final do filme esse homem é tocado na alma o que faz dele, o Herói.
Aqui as correntes foram o ódio e a vingança, mas poderia ter sido: culpa, medo, poder, segurança, ressentimento, menos valia, dinheiro, cargo, posição social... A intensidade dessas energias pode nos levar a pensar que estamos em atividade, mas se olharmos com compreensão veremos e sentiremos o quanto poderemos estar "parados, presos dentro de um círculo que não se amplia, que nada produz, que não tem sentido.
FINALMENTE, O DESAPEGO SIGNIFICA O INÍCIO DE NOSSA LIBERDADE. O FIM DE NOSSA PRISÃO DE VALORES E A OPORTUNIDADE DE NOS TORNARMOS EFETIVAMENTE SABEDORES DE QUE SOMOS OS SENHORES DE NOSSOS DESTINOS E QUE PODEMOS, SIM, TRANSCENDER OS LIMITES DAS NOSSAS INCAPACIDADES.
Elizabeth Sartori
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