terça-feira, 20 de outubro de 2009

A palavra entusiasmo é de origem grega e significa “ter um deus dentro de si”. É um arrebatamento, um encantamento pelos feitos de um deus que nos leva a ter vontade de realizar algo, cujo resultado nos é dado por uma fantasia criadora. Os gregos eram politeístas e tinham deuses para a multiplicidade dos sentimentos. As pessoas, segundo os gregos, quando imbuídas desse entusiasmo eram capazes de vencer os desafios, criar uma realidade ou modificá-la. Elas acreditavam em si e agiam na busca de seus objetivos. O vídeo abaixo retrata o herói que aceitando sua fantasia, vive o spiritus phantasticus, embora a expresse metafisicamente em vez de psicologicamente. Jung diz: “O espírito pode reivindicar legitimamente o “patrias potestas” (pátrio poder) sobre a alma;...” e “Quando o primitivo ‘pensa’, ele tem, literalmente, visões, cuja realidade é tão grande que ele confunde, freqüentes vezes, o psíquico com o real.” No vídeo fica claro o espírito (representado pelo simbolismo do vento), o entusiasmo (pela sua caminhada), bem como o aspecto sombrio do espírito (pelo resultado da abertura do pote) e finalmente o objetivo, mas pensemos sobre o objetivo: O que de fato esse menino queria fazer? Uma manifestação de poder? Durante o trajeto ele respeitou a si mesmo e às pessoas? Ele foi egoísta? Ele foi tenaz? Foi uma manifestação de amor? Mas e no caminho, ele aprendeu algo? Ou só o resultado final era importante? ENTUSIASMO É ACREDITAR QUE É POSSÍVEL FAZER DAR CERTO, PORÉM, RECEPCIONAR AS EXPERIÊNCIAS QUE O CAMINHO OFERECE É PERMITIR QUE A ALMA FAÇA UMA PONTE ENTRE O SONHO E A CONCRETIZAÇÃO.

4 comentários:

  1. Eu já conhecia o video. Já o admirava. Agora, com sua explicação, elevo-o à categoria de Arte. A narrativa descreve visualmente a expressão de um desejo e sua realização. Se essa criança é capaz de aprisionar o vento e de transportá-lo para a realização daquilo que deseja, o que não poderemos fazer com o corriqueiro em nossas vidas? Afinal, quem, entre nós, tem a pretensão de aprisionar o vento (levando às últimas consequências essa metáfora), controlar a intensidade da chuva, enfim, controlar os fenômenos? Cada um de nós quer transformar apenas sua própria realidade (desde que esta mudança se faça necessária)na direção de um estado próximo do ideal. E para que esta transformação seja possível é preciso munir-se das ferramentas que você distribui tão fartamente em suas postagens. Seus conselhos psicológicos são imprescindíveis para o sujeito que deseja ardentemente transformar sua própria realidade.

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  2. Gilberto, em nós habita uma criança viva que quer capturar o vento e levá-lo a algum lugar onde se faça necessário. A sensibilidade dessa criança percebe que o velho não tinha forças para produzir "vento" o suficiente para festejar a sua sabedoria. A criança quer que o velho perceba que dentro dele existe essa vida embora os anos lhe tenham enfraquecido fisicamente.
    O importante é refletir sobre a temporalidade e que ela não é um obstáculo para aquilo que nossa criança interior quer realizar.
    Talvez lançar um olhar amoroso sobre os nossos desejos e vivê-los, ok?
    É bom receber seus comentários. Eles enriquecem minhas reflexões.
    Um grande abraço

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  3. Elizabeth, tenho aprendido muito com sua clareza de visão. A questão da temporalidade é uma presença incômoda, mas que, a partir das ferramentas que você nos muni, está deixando de ser tão inconveniente. Tenho mesmo dirigido um olhar mais amoroso aos meus desejos. Creio que posso realizar muitos deles, mesmo que não atinja o nível que ambicionei no início dessa estrada. Obrigado a você.

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  4. Penso da maneira como o Gilberto. Nós não podemos aprisionar num pote tanto vento para tal efeito. Nem mesmo temos a pretensão de fazêlo. Literalmente falando, queremos transformar aquilo que é póssível. Mas aí entra a fantasia da criança de chegar a tempo para ajudar apagar a grande quantidade de velinhas com um pote cheio de vento, já que o vovô estava fraco para tal sopro. Todos ficaram sem entender até que o pote foi aberto em direção ao bolo ( elemento obscuro do espírito ) Aí entrou a criatividade dos outros convidados em acompanhar a intenção mágica do menino, batendo palmas pelo suposto vento liberado do pote. As palmas são a confirmação da concretude do desejo para o menino; que seu plano deu certo, que valeu a pena, que agradou o vovô. O entusiasmo está no menino desde que ele planejou fazer a surpresa para o vovô; na sua crença que tudo daria certo, na alegria de um desfecho feliz. Não podemos esquecer que o entusiasmo é um estado elevado da alma, que com sua dose de medida, deve ser cultivado para o delinhar da personalidade. E as palmas, por exemplo, é o elogio tão necessário na formação do carater, bem marcado no fantástico desta narrativa.

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