O indivíduo percebe a realidade e especula no sentido de
espelhar no externo a busca do que lhe falta. Na estruturação do agalma (prêmio) a imagem do inconsciente produz
um desejo no indivíduo e na sua busca, uma quantidade de indivíduos produzem
mimeses (imitações) que são
trapaças.
Nas estruturações lacanianas matemáticas pode-se
substituir qualquer frase de uma situação por uma metáfora, uma definição, uma
mensagem do inconsciente para decifrar a conduta do conceito.
Metáfora -> A psicanálise é uma peste. Onde:
Psicanálise s₁
Conceito de psicanálise S₁
Peste s₂
Conceito de peste S₂
Peste s₂
Psicanálise S₁
Se a psicanálise é uma peste, eu coloco a peste como s₂ no
lugar de psicanálise. O ponto chave dessa expressão é a palavra peste que de
alguma forma o indivíduo se vê numa situação difícil.
A criança tem uma relação intensa de vínculo com a mãe.
De repente essa mãe começa a faltar produzindo uma angústia na criança do seu
inteiro projetado. Essa falta é a diminuição da intensidade porque a mãe vai se
distanciando produzindo lacunas de presença na relação com a criança e cisões
na sua personalidade. Essa falta produz um desejo que resulta num gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda
não se instaurou).
“Se o meu sintoma
insiste é porque sou aparafusado ao sintoma por um gozo. O meu sofrimento é uma
maneira de gozar. O sintoma é uma satisfação pulsional.” (Cláudio Pfeil)
Gozo vem de usufruto que contem a ideia de frutos que
precisam esperar a maturidade para saboreá-los. Ex.: Se meu companheiro fosse
dessa maneira... Se meu companheiro fizesse o que eu gostaria... Essas
articulações não contem o conflito, são hipóteses. Em alguns casos, seria
difícil de enunciar, pois nesse caso, não tem uma figura concreta e, portanto,
não pode configurar numa imagem de “Ele faz isso que eu não gosto.” Falta
critério de gostar. No entanto, o companheiro não existiria se atendesse essa
demanda. Freud chamaria de Édipo insolúvel porque a criança está presa na falta
da mãe que vai se instalando lentamente.
Um comentário sobre alguém que ameaça a perspectiva de
gozo é uma metáfora e por isso esse indivíduo conta uma história que não é
literal, como no filme As Aventuras de Pi. Ele apresenta um sistema, um modelo
e quanto mais ele modela para longe do Real (tudo
aquilo que não tem a obrigação de ser nomeado), mais ele quer esconder.
Ex.: Uma mulher em análise diz: Longe de ser do mesmo sangue,
temo que meu filho esteja em mãos horríveis.
Visão do Complexo de Édipo – o menino tenta escapar do
domínio da mãe para que em Nome do Pai (que dá
consistência) ele possa produzir imagens.
Na terapia os verdadeiros motivos não são reconhecidos, eles
têm um recalque para Freud e são fortemente instintivos para Jung. O instinto,
imagem do inconsciente, assalta o Complexo de Ego que contém a necessidade, a
obrigação de se instalar na estrutura do Superego, do Pai, do Falo. A questão
simbólica é prioritária, substitui um conceito por uma imagem, que se comparar
terá uma direção da perspectiva do gozo e toda história tenta retirar o que é
inominável do ponto de vista da ação do instinto embutida.
O recalque é a manifestação que substitui aquilo que
precisa ser nomeado, que será substituído por S3, S4... Jung chama de regressão
e progressão.
Ex.: Menina diz que foi assediada pelo tio. Ela vai
ganhando direito a sexualidade e durante algum tempo ela diz que continuava a ser
assediada. Vai viver em outro país, casa e tem uma filha. Volta para o Brasil e
diz que o padrasto assedia a filha dela. Ela apresenta um quadro de histeria,
uma vez que não leva para o simbólico deixando o ato continuar no imaginário,
não tendo algo que ela possa ter um gozo. A energia não se intensifica a ponto
de chegar ao limite e então proporcionar um mais-gozar.
O quadro das histerias é o corpo falando onde há deficiência
de linguagem. A pessoa precisa repetir e repetir até encontrar o significado
para que o peso da realidade incorporada vá se aliviando.
Porque
as pessoas procuram sempre encontrar um inimigo nas suas histórias?
Para manter o inimigo que é aquele que alimenta o desejo,
manter aquilo que está fazendo e que não deveria fazer, manter aquilo que as estão
usando de alguma maneira.
Ex.: Mulher participa de um evento e sai incomodada.
Entende que sua mãe é a natureza e que sua mãe literal não a agride. A mãe como
representante da natureza, contem o inconsciente da criança. O que está faltando
para a criança é o todo do Real.
Em Nome do Pai (que dá
consistência) cada um de nós tem que abrir mão do Real (tudo aquilo que não tem a obrigação de ser
nomeado) onde estabelecemos um desejo imaginário, uma falta para
que se faça o sacrifício do todo e penetre no mundo, por isso a mãe ao se
afastar da criança promove a instalação do falo (poder
gerador, representação de completude, do não sentimento da falta) entendendo
que o pai tem esse falo e que também não é literal. Já o menino descobre que
ele tem um pênis, que o pai dele também tem, e que a menina não tem. A menina “quer
ter” (vontade – o que Freud nomeou como
“inveja do pênis”.)
“A
hipótese de Freud é a seguinte: se falar abranda o sofrimento, age no sintoma,
é porque o sintoma tem a ver com a fala. Se o sintoma fosse totalmente
estrangeiro à ordem da linguagem, não haveria razão para a linguagem ter algum
efeito no sintoma. Essa foi a incrível invenção de Freud, a qual Lacan leva às
últimas consequências: há um elo estrutural entre inconsciente e linguagem. O
inconsciente, diz Lacan, é estruturado como uma linguagem. Isso permite
entender por que falar acarreta consequências grosso modo terapêuticas.”
(Cláudio Pfeil)
A angústia da satisfação do desejo é a falta de tempo, do
dinheiro, da presença física, do afeto, etc... Se eu tivesse ISSO (algo que preciso significar) eu
faria aquilo.
Enquanto se tem um desejo, o imaginário constrói um
caminho, porém se um indivíduo ficar no Real (tudo
aquilo que não tem a obrigação de ser nomeado) ele entrará na psicose. Passar
para o simbólico é compreender que existe uma falta, mas se o indivíduo não tem
o simbólico, vai para o imaginário e em consequência, o sofrimento.
Quando significar uma cadeia de significantes (atos falhos, cistes, apelos, sonhos), a
falta é materializada, mas ficando no imaginário que é correr atrás de uma ilusão,
parece que existe vida contra a morte do imaginário (solidão, sem sentido, ...). No
simbólico (quando você projeta no outro) o
indivíduo estará no eixo ego-self. Para Lacan o Outro é o Self de Jung onde o
indivíduo deixa de ser falso, um imitador.
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