Avaliar as consequências
de um ato ou outro instala a lei para coibir suas falsidades. O compromisso tem
a ver com a ética, ele pressupõe que há um valor em progressão. É preciso “dar
corda” às imagens para não virar fantasia.
A metáfora
(condensações) e a metonímia (deslocamentos) serão para Lacan as duas leis
fundamentais do inconsciente que responderão também pela fala do inconsciente,
onde a estrutura metonímica de sequência de imagens que se conectam será o
ponto de referência para caracterizar a estrutura do desejo.
No processo
metonímico temos um deslocamento em que uma parte é tomada pelo todo, da mesma
forma que no “objeto a” (a letra
"a" em minúsculo qualifica uma alteridade, alguma coisa que está para
além do sujeito desejante, que ele quer para si e que nunca é alcançado) alguma coisa toma o lugar,
parcialmente, do desejo interditado ao sujeito. Igualmente, na metáfora alguma
coisa é substituída em seu sentido por outra, o que se pode flagrar facilmente
na narrativa dos sonhos, sempre metafóricos por excelência. A metáfora tem
todos os significantes possíveis (parte
física da palavra = grafia + som, mas que pode ter mais de um significado). É rica em possibilidades.
“Lacan estabelece a existência do
inconsciente a partir da linguagem e do lógico. Em todo fenômeno linguístico,
significante e significado são dados juntamente. Para Lacan, o significante
precede o significado, constituindo-se, pois, uma autonomia do significante. O
significado é produzido pelo significante. É o significante que impõe ao
sujeito a sua lei, e o significado do significante é constituído pelo desejo e
pela castração. O sujeito deve desejar, e para isto, deve aceitar a castração.
O significado depende do fato de que em primeiro lugar é o homem que se inclui
no significante, e a identificação constitutiva do sujeito é a identificação
com um significante. Daí a fórmula de que um significante é aquilo que
representa o sujeito para outro significante. A passagem do significante para o
significado é um ato de imposição, em que o significante é aquilo que se impõe,
e o significado, o que é imposto.” Renato Oliva.
“Lacan (1988), em seu seminário IX,
faz uma reformulação de sua teoria do significante. Ele diferencia, enfim, o
significante do signo: enquanto o signo representa algo para alguém, um
significante representa um sujeito para outro significante. Ele introduz o
sujeito como qualidade representacional: ele é o suposto saber da diferença que
conduz de um significante a outro, fazendo o deslizamento da cadeia de
significantes. A diferença entre estas condições de representação é
fundamental, pois faz incidir a suposição de um sujeito... o significante não é
um efeito de sentido, mas ele é responsável por pacificar, adormecer ou
despertar. Ele jamais se expressa de forma isolada, ele sempre se sobressai em
relação aos outros, visto que não se concebe significante fora da cadeia. No
caso do signo, ele pode ser encontrado na cadeia significante, o signo nada
mais é que um significante desencadeado, que buscará elaborar uma nova cadeia
que lhe faça sentido, ou seja, uma nova interpretação objetivando encandeá-lo
outra vez (Teixeira, 2006)” Samuel L.Bezerra Lins
“A própria possibilidade do inconsciente é
condicionada pelo fato de que um significante pode insistir no discurso de um
sujeito, sem por isso estar associado à significação que poderia importar para
ele.” Será através do discurso que a percepção se concatena elabora uma percepção compartilhada num
espaço de intermediação dialética (Teixeira, 2006)”
Toda relação tem
uma metáfora onde há transferência e contratransferência. O analisando
transfere para o analista o desejo de ser e o analista contratransfere para o
analisando o “supostosaber”. O que faz a metáfora funcionar é a humanização do
indivíduo, uma vez que produz uma referência para ele. Ao apresentar ao
indivíduo uma experiência vivida, parecida ou igual, ele se humaniza e se
acalma, pois ele sente que é mais um lutando, mesmo que sofra mais do que o
outro, mas não se sente sozinho.
Para não ficar na
fantasia é preciso falar para significar, é preciso enxugar. Ao decifrar a
metáfora, o indivíduo encontra seu destino e para isso é preciso contar as
histórias para poder se lamentar, chorar, alegrar-se porque se permanecer na
fantasia, a metáfora não ganhará significado e, portanto, não estará enxuto.
Tomemos o exemplo
de um político corrupto. Ele recepciona o espelho do outro e quanto mais ele
ofende mais o indivíduo que é ofendido se descobre, uma vez que o político é o
reflexo de um povo que por ser mais inculto, tonaliza o voto nas suas vulnerabilidades, na sua corrupção. O povo
precisa reclamar que não tem apoio, que não ligam para ele. Essa reclamação é
para entender o cenário que também é válido para todas as profissões onde se
tem uma ideia de eficiência ou não. Ao entender a corrupção, o compromisso se
instala no indivíduo, pois o uso da corrupção para tentar obter o resultado
gera uma frustração quando esse resultado não vem e essa frustração é que
mostra que a ação é corrupta. Se lançar um olhar para o cenário político
perceberemos que quanto mais o caos se instala na cidade, mais o povo pede um
político honesto.
Quando há
empatia, o agalma (prêmio) está
escondido. Um casal reclama que não há
diálogo. Um diz que tem uma dor de cabeça e o outro diz ter uma dor na perna.
Que um está cansado e o outro também. Aqui como no caso do corrupto as metáforas
podem apresentar uma farsa para o indivíduo usar seguidamente. Então, como ser
um político de verdade?
Um casal reclama
uma intervenção específica e um espera que o outro se movimente dentro da
relação, mas o indivíduo não consegue dizer quem ele é na relação porque há uma
impotência do mesmo frente ao interlocutor, porque não há alteridade com saída.
O casal precisa entrar no caos para encontrar uma saída.
A mulher é o agalma. Durante algum tempo a mulher arquetipicamente
teve que se conter, reprimir para que o horizonte masculino se ampliasse,
depois ela teve que reduzir sua repressão, aumentar sua expressão social para
que o homem reduzisse seu horizonte exageradamente ampliado. A meta da
civilização agora é a busca do equilíbrio. Historicamente o masculino cresce e
passa do limite, ao acontecer isso surge uma angústia que sinaliza a busca de
um propósito.
FAZEMOS PARTE DE UM TEATRO, MAS QUEM ACHA O AGALMA LIDA COM ESSE
TEATRO SEM CONFLITOS.
Psicanalise
Atendimentos na Zona Sul e Zona Norte
Beth.psicanalista@yahoo.com.br