terça-feira, 16 de junho de 2015

O COMPLEXO DE INFERIORIDADE, A MEGALOMANIA E O BELO

Porque é que eu desejo?  É uma emoção específica porque se o indivíduo tiver aquilo que ele quer conquista algo dos deuses, pois o que importa para o indivíduo é a perspectiva do desejo e não a meta.

O Banquete de Platão explora, segundo Lacan, as emoções que norteiam os indivíduos para falar de amor que é dos deuses. Por ser uma emoção divina é um estado de ser abençoado, um agalma (prêmio).

O indivíduo com seu tipo psicológico tem um desejo de acordo com a sua função principal.
Ex.: O tipo pensamento quer um pensamento mais eficiente e assim por diante, aí ele se torna mais megalomaníaco. Na esperança de se atingir esse desejo ele ganha um agalma. É um registro de ser premiado para ganhar algo, mas por causa da megalomania que é a compensação de um complexo de inferioridade, faz com que ele se distancie do agalma.

Cada um tem um tipo psicológico que é regido por uma função principal. Essa função principal é o modo como o indivíduo atua, como p.ex.: os tipos pensamento que se sentem confortáveis fazendo uso de conceitos, mas em contrapartida, esse tipo tem uma função inferior que é a sentimento que é aquela que dá valor ao objeto. À medida que a função principal se instala, precisa trazer a inferior à tona e essa função só vem por projeção, por aceitação no outro. Ao suportar a função inferior no contato com o outro possibilita que o indivíduo consuma a energia que o destrói.

O pedido do outro nas relações é para que se sacrifique algo. Esse pedido pode estar implícito nas ações.
Ex.: Um homem dá o cartão de crédito para a mulher e ela compra muitas coisas que não usa. Ela está dizendo que ele não enxerga sua megalomania.

Quando a pessoa é escolhida dentro da sua vulgaridade, ela é levada para uma sensação de importância. Começa a se vestir bem, fica cheia de vontades, mais alegre, etc..., porque produz um arrefecimento na direção do agalma e a angústia diminui, em compensação produz uma inflação. Mas no estado de amor onde a perturbação não estabelece picos, a megalomania é convocada para uma posição mais próxima do indivíduo porque tem o complexo de inferioridade diminuído e isso é fundamental.

Quando a classe média está no poder é ela que determina a direção do agalma, da conquista como o desejo de possuir uma Louis Vuitton, por exemplo. Mas se o indivíduo quer vir para a classe média, precisa cumprir essa meta incorporando o complexo ao ego e mudando seus gostos com certa resistência em entrar no novo status.

A classe média compra tênis de US$150 pela Internet e o pobre compra aqui no Brasil por R$1.000 mostrando o quanto ele se assalta, já que para ele o status desse tênis é muito maior. Ele se rouba porque não tem ferramentas para entender que a pretensão está alta, o que leva o país à inflação.

O que é esse belo interno? O complexo ganha consciência e se projeta fora. A projeção fora demora mais do que dentro. É como o Frankenstein que é a meta da classe média, quase como um deus, uma criação divina para compensar o complexo de inferioridade. O Frankenstein é criado para que o indivíduo possa lidar com o mostro, para compreender o belo. Ele, o monstro, quer uma mulher, como não a tem, mata a noiva do médico para que o médico possa ajustar esse aspecto nele.

Se fizermos nossa própria revisão dos nossos desejos perceberemos que é uma compensação do nosso complexo de inferioridade. Quando o homem é rico por herança, ele não se sente no belo, porque não sente amor. Só um complexo de inferioridade para enxugar as distâncias entre o belo e o feio porque a megalomania corrompe, é a compensação da falta de auto-estima.

O belo só pode ser atingido pelos deuses. O homem é a interface e quando chega aí, ele encontra o amor. Como chegar ao caminho do meio? Como o indivíduo se acha capaz? Como se instala essa motivação? A linguagem é que produz essa visão. A frase fecha o quadro que lhe dá o entendimento.

O amor sempre será amor na dinâmica, no caminho. Fazemos o papel de amor que está instalado entre o bem e o mau. Se acharmos que temos a resposta estaremos numa megalomania que é fugir do feio sem recepcioná-lo.


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e-mail: beth.psicanalista@yahoo.com.br

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