Porque é que eu
desejo? É uma emoção específica porque
se o indivíduo tiver aquilo que ele quer conquista algo dos deuses, pois o que
importa para o indivíduo é a perspectiva do desejo e não a meta.
O Banquete de
Platão explora, segundo Lacan, as emoções que norteiam os indivíduos para falar
de amor que é dos deuses. Por ser uma emoção divina é um estado de ser
abençoado, um agalma (prêmio).
O indivíduo com
seu tipo psicológico tem um desejo de acordo com a sua função principal.
Ex.: O tipo
pensamento quer um pensamento mais eficiente e assim por diante, aí ele se
torna mais megalomaníaco. Na esperança de se atingir esse desejo ele ganha um
agalma. É um registro de ser premiado para ganhar algo, mas por causa da
megalomania que é a compensação de um complexo de inferioridade, faz com que
ele se distancie do agalma.
Cada um tem um
tipo psicológico que é regido por uma função principal. Essa função principal é
o modo como o indivíduo atua, como p.ex.: os tipos pensamento que se sentem
confortáveis fazendo uso de conceitos, mas em contrapartida, esse tipo tem uma
função inferior que é a sentimento que é aquela que dá valor ao objeto. À
medida que a função principal se instala, precisa trazer a inferior à tona e
essa função só vem por projeção, por aceitação no outro. Ao suportar a função
inferior no contato com o outro possibilita que o indivíduo consuma a energia
que o destrói.
O pedido do outro
nas relações é para que se sacrifique algo. Esse pedido pode estar implícito
nas ações.
Ex.: Um homem dá
o cartão de crédito para a mulher e ela compra muitas coisas que não usa. Ela
está dizendo que ele não enxerga sua megalomania.
Quando a pessoa é
escolhida dentro da sua vulgaridade, ela é levada para uma sensação de importância.
Começa a se vestir bem, fica cheia de vontades, mais alegre, etc..., porque
produz um arrefecimento na direção do agalma e a angústia diminui, em compensação
produz uma inflação. Mas no estado de amor onde a perturbação não estabelece
picos, a megalomania é convocada para uma posição mais próxima do indivíduo
porque tem o complexo de inferioridade diminuído e isso é fundamental.
Quando a classe
média está no poder é ela que determina a direção do agalma, da conquista como
o desejo de possuir uma Louis Vuitton, por exemplo. Mas se o indivíduo quer vir
para a classe média, precisa cumprir essa meta incorporando o complexo ao ego e
mudando seus gostos com certa resistência em entrar no novo status.
A classe média
compra tênis de US$150 pela Internet e o pobre compra aqui no Brasil por
R$1.000 mostrando o quanto ele se assalta, já que para ele o status desse tênis
é muito maior. Ele se rouba porque não tem ferramentas para entender que a
pretensão está alta, o que leva o país à inflação.
O que é esse belo
interno? O complexo ganha consciência e se projeta fora. A projeção fora demora
mais do que dentro. É como o Frankenstein que é a meta da classe média, quase
como um deus, uma criação divina para compensar o complexo de inferioridade. O
Frankenstein é criado para que o indivíduo possa lidar com o mostro, para compreender
o belo. Ele, o monstro, quer uma mulher, como não a tem, mata a noiva do médico
para que o médico possa ajustar esse aspecto nele.
Se fizermos nossa
própria revisão dos nossos desejos perceberemos que é uma compensação do nosso
complexo de inferioridade. Quando o homem é rico por herança, ele não se sente
no belo, porque não sente amor. Só um complexo de inferioridade para enxugar as
distâncias entre o belo e o feio porque a megalomania corrompe, é a compensação
da falta de auto-estima.
O belo só pode
ser atingido pelos deuses. O homem é a interface e quando chega aí, ele
encontra o amor. Como chegar ao caminho do meio? Como o indivíduo se acha
capaz? Como se instala essa motivação? A linguagem é que produz essa visão. A
frase fecha o quadro que lhe dá o entendimento.
O amor sempre
será amor na dinâmica, no caminho. Fazemos o papel de amor que está instalado entre
o bem e o mau. Se acharmos que temos a resposta estaremos numa megalomania que
é fugir do feio sem recepcioná-lo.
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