O amante busca o
amado porque o amado é facilitador da perspectiva de uma imagem, ideia de um
desejo, ideia interior. O amante acredita que o amado atenderá seu desejo, mas
como o desejo é um elemento da falta, para que a elaboração dele seja concluída
é preciso verbalizar.
“A gente
ama que a gente acha que responde a questão: quem sou eu? Amar é supor no outro
um saber sobre o meu ser. Por isso, Lacan chama a relação do analisando com o
analista de amor de transferência. Esse amor não tem como base a afetividade,
mas uma suposição: o analista detém a chave do meu ser.” (Cláudio Pfeil)
O indivíduo
precisava fazer algo para os deuses para que lhe dessem um agalma (prêmio). Havia uma reciprocidade o que conferia
ao homem um prêmio divino, por isso era religioso. Quando havia fartura
agrícola, em reciprocidade, o indivíduo devolvia aos deuses o melhor do que
colheu porque desejava uma plantação para entregar aos deuses como
reconhecimento. Os objetos religiosos que conferia ao indivíduo um prêmio
divino podia ser uma coroa de louros,
espada, etc.
Regra: O indivíduo
tem que lutar, plantar, colher. Ele apresenta o dom e ganha o agalma de retorno
que não é um objeto em si e sim um prêmio divino implicando uma proibição ao
incesto.
O indivíduo
pretende algo do pai divino e aquilo que é objeto da sua pretensão é o agalma.
A mulher é agalma porque o homem tem que pegá-la do pai, então ele é o pretendente.
A mulher como individualidade lhe escapa sempre. Na verdade, ela, como todo
objeto de desejo, pertence à esfera deste “objeto a” (a letra
"a" em minúsculo qualifica uma alteridade, alguma coisa que está para
além do sujeito desejante, que ele quer para si e que nunca é alcançado), parcial, metonímico por definição, mas que consegue ancorar a
pulsão do desejo por algum tempo. A mulher real e individual, presente no ato
sexual representa, portanto, apenas a possibilidade nessa série infinita que
alucina o masculino. Essa mulher real não existe para o homem e está além das
possibilidades, uma vez que ele está preso na fantasia original de desejo por
todas as mulheres e por aquela mãe interditada que pertenceu ao Pai mítico.
Quando nos sentimos
falsos encontramos a mimeses (imitação) que forja algo. Ex.: A busca por um diploma é uma pretensão. Tem
uma estruturação arquetípica que força a linguagem. A mulher é um objeto de
pretensão, o agalma, o direito de seguir em frente, romper com o Édipo, mas a
relação da fêmea com o macho não é vulgar. Existe um critério. Ela não pode
ceder ao homem que não tem o dom, que não rompeu com o Édipo.
Na fase seguinte
onde o agalma deixa de ser divino e sim monetário o indivíduo passa a imitar
porque quer o valor para se destacar. Na essência ainda busca este agalma o que
mostra que ele não saiu do instinto. Nessa fase, o dom fica mais difícil de ser
recepcionado porque é preciso construir a consciência onde há necessidade de
elaborações na procura do que lhe dá prazer, o que faz melhor.
As imagens são a
força do complexo e só conseguimos pinçar algumas de suas imagens. Os complexos
são responsáveis por aquilo que o indivíduo ouve e fala e através desse
movimento querem se manifestar. O feminino tem um papel de agalma frente ao
homem que só pode conseguir através da linguagem. Quando o feminino é incipiente,
o masculino é voluptuoso e ambos estão exagerados. O feminino está tão
inconsciente que projeta no homem um masculino exagerado, e ele não consegue
parar de produzir trazendo de tudo para a mulher para contentá-la. O mesmo se dá
na psique de uma única pessoa. Quando o feminino é pobre, o masculino será
exagerado em suas ações.
Nem todos querem
um dom, como trabalhar pelo trabalho, e sim um objeto de desejo porque se o
indivíduo tiver um dom ele vai querer seu dom em movimento, não como aquele que
se agarra ao lucro. O dom não é corrupto e sim simbólico. É preciso querer
desenvolver o automorfismo.
Porque as pessoas
começam a imitar um dom? Para
estabelecer a linguagem, para reduzir o imaginário. Sabedor de que os desejos
resultam numa falta e é uma ilusão, a elaboração deles resulta num fator
motivador, uma vez que o inconsciente se realiza quando produz automorfismo (é a competência, a necessidade de formar seu próprio ser, a
partir dos elementos particulares, que constituem no interior da coletividade
e, se necessário, independentemente desta ou em oposição a ele). Uma maneira de
se olhar para um desejo é a frustração que ele promove porque mostra que algo é
falso. Quando se acha o dom o indivíduo sabe que vai frustrar e que isso faz
parte para uma nova descoberta. ESSE É O SACRIFÍCIO!
Todas as metas
tem uma falta infantil que solucionada leva ao dom. A psique retira a libido e
o indivíduo vive o luto. Largando a ilusão promoverá o descobrimento do que ela
tem de verdade como dom.
A PARTIR DO OUTRO NOS LIBERTAMOS DAS NOSSAS ILUSÕES.
Atendimentos na
Zona Sul e Zona Norte
e-mail:
beth.psicanalista@yahoo.com.br
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