Tudo
o que ele pensa sobre si é a partir de como ele é olhado. Alguém pensou o indivíduo e ao pensá-lo fala
dele, assim o indivíduo se modula, criando o que o Jung chamou de persona. O
indivíduo só cabe no pensamento de quem o fala, que o define como tal, criando
uma fragmentação. Nota-se que o indivíduo que é visto pelos pais tem buracos na
cadeira de significantes. Dentro desse olhar limitante do outro o indivíduo se
torna limitador para o outro também.
O
inconsciente se expressa através da linguagem para facilitar o gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda
não se instaurou) do desejo. Construímos o caminho mais rápido para uma
metonímia para a aproximação de quem somos.
A metonímia é a substituição de uma palavra
por outra quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que
permite essa troca. É uma figura de linguagem que surge da necessidade do
falante ou escritor dar mais ênfase à comunicação. Ex.: O autor pela obra – ler
Machado de Assis
Na terapia o indivíduo procura ampliar sua personalidade.
Essa cadeia de significantes (atos
falhos, cistes, apelos, sonhos) entrelaça com outras para formar
o que o Jung chamou de cadeia arquetípica, sentir. Assim como os arquétipos,
nenhum significante comportará um significado completo e irredutível, mas deslizará
constantemente por uma cadeia de significantes arbitrários, sem nunca ter fim.
Só uma atitude comandada pela necessidade pragmática de comunicação é que pode
interromper, barrando esse sentido sempre em aberto do significante e fazê-lo
cristalizar-se por algum tempo. Mas o desejo sempre conseguirá fazer que os
significantes se movam e falará através das fissuras deixadas cobertas.
“O trabalho analítico baseia-se
exclusivamente nos significantes, é uma cura pela fala (talking cure) diz
Freud. Trata-se de fazer os significantes se encadearem uns nos outros, de
produzir uma corrente. Mesmo quando o que se diz parece evidente, para o
analista, os significantes nunca são suficientes para uma compreensão. Nunca.
Pois na verdade o analista não busca compreender, mas sim fazer com que o
analisando produza discurso. O sentido permanece sempre aberto. Quando o
analista pergunta: e então? – está implícito: e depois?”( Cláudio Pfeil)
O
indivíduo durante a vida inteira vai fazer a mímica diante das argumentações. Na
cadeia de significantes esburacada ele e o outro estão dentro de uma
aproximação funcional que não revela o propósito correto. O Eu não se vê inteiro
para o outro e é isso que o angustia. É como se definisse por partes.
Ex.:
Mulher se vende como um corpo porque é assim que o outro a vê. Homem precisa se
ver para ampliar sua visão para que ela se modifique.
O
indivíduo sendo do jeito que o outro quer instala um vazio e em não conseguir
decifrar o outro, sofre pela sua falta. Não existe um agressor fora e sim
aquilo que você quer ver. O baile Funk é uma tentativa de sair do oferecimento do
corpo, oferecendo-se, porque se o indivíduo se isola não terá uma perspectiva
de cura.
A
partir dessa fragmentação, ele desejará ser mais inteiro que o olhar que o outro
lhe permite e quando descobre que não existe emocionalmente todo o seu querer
esta circunscrito ao que ele é. A angústia de não ser decifrado o leva à morte
ou a matar o outro.
O
indivíduo que não nasceu é aquele que não consegue se ver com tendência a não
terminar nada do que começa. Mas é só porque existe o grande Outro
(Self, Divino) que
não morremos pelo olhar do pequeno outro.
O
Nome do Pai tem a lei e não deixa se inundar pelo complexo, não se deixa
explodir na cadeia de significantes para não se tornar um Deus. No seminário 5 – as formações do inconsciente
(Lacan, 1957),
essa lógica é chamada de lógica da castração. É a lógica da metáfora paterna,
que tem o Nome-do-Pai (aquele que dá
consistência) como o significante que faz a função de exceção para
que a cadeia dos outros significantes se estruture como lei. Se couber no
limite compreensível do Grande Outro, o sujeito se significa
e a angústia cessa.
O que
impede o casal de se amar é que eles estão no campo dos pais. Cada um apresenta
o limite do que vê no outro criando uma frustração que é percebida pelo ataque
de um parceiro ao outro. Se casar porque qualquer motivo que não o
conhecimento, o casamento degenera e acaba. Porém quando não apontar defeitos
no outro o casamento de fato de instala.
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