quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
DEPRESSÃO
DEPRESSÃO
1.
O que é a depressão?
É um estado
emocional que traz uma alteração de humor na forma de melancolia que reduz a
estima por si próprio e por vezes há necessidade de autopunição. A depressão se
instala na vida de uma pessoa e a torna incapaz de reagir ou de ter um
comportamento normal ou habitual.
Estar em depressão é
fundamentalmente compreendido como um entrar no silêncio e no vazio na busca do
pote de ouro no final do arco íris.
2.
Podemos dizer que a pessoa deprimida está em estado de
tristeza?
Não. Existe uma
diferença entre tristeza e melancolia.
A tristeza se
instala em resposta a alguma lembrança que teve um significado importante na
vida da pessoa ou por algum evento ruim, como falta de dinheiro, perda de algo,
etc. Na tristeza a pessoa segue com seus relacionamentos afetivos, compromissos
sociais e com o seu trabalho. Ela consegue reagir e encontrar motivação para
superar as dificuldades, ou seja, mantem a esperança.
Já a pessoa quando
está melancólica não sabe o que perdeu. A perda é vivida pelo ego para
preservar o objeto da perda, é como se tivesse perdido seu próprio eu. É como
se a pessoa estivesse diante de um espelho, no qual não houvesse nenhuma imagem.
O Eu não existe.
3.
Como vive uma pessoa depressiva?
Vivem sob a ameaça
de uma catástrofe e não tem forças para agir. Se sente paralisada diante do
caminhar da vida.
4.
Quais são as causas que levam a depressão?
São várias as
causas, dentre elas:
. Infarto
. avc
. tumores cerebrais
. doenças endócrinas
e neurológicas
. câncer
. disfunções
hormonais
. uso, abuso e
dependência de drogas ou medicamentos, como cocaína, álcool, maconha, crack,
corticoides, remédios para pressão alta ou labirintite
. estresse com
impacto agudo na vida da pessoa ou estresse continuado ao longo do tempo
. inconsciência de
suas habilidades para resolver ou encontrar soluções para novas situações
5.
Quais são os sintomas que acompanham a depressão?
. Falta de motivação
. Falta de
iniciativa
. Apatia
. Insegurança
. Baixa autoestima
. Pessimismo
. Ansiedade
. Angústia
. Aumento dou
diminuição de apetite ou de sono
. Falta de energia
. Dores vagas pelo
corpo.
6.
Como identificar que está com depressão?
A pessoa nem sempre
percebe que está em depressão e trata os sintomas como algo passageiro. As
pessoas que a cercam podem acreditar que o depressivo está com preguiça, que não
tem vontade, que é falta de caráter ou de personalidade. Os profissionais da
saúde, entendem que uma pessoa em estado depressivo apresenta cinco ou mais
sintomas, durante um período de mais de duas semanas mencionados pela própria
pessoa ou por terceiros.
7.
Quais são as consequências que podem resultar da
depressão?
. Perda de emprego
. Afastamento dos
amigos
. Discussões e conflitos
de relacionamento interpessoal.
8.
Como a família pode ver uma pessoa depressiva?
A família pode, por
falta de conhecimento, prejudicar ainda mais a pessoa que tem um quadro
depressivo por ter pensamentos e dizeres preconceituosos como: é frescura,
desleixo, falta esforço, entre outros.
9.
A depressão pode acontecer na vida de uma pessoa mais
de uma vez? Qual a sua frequência?
Sim. Cerca de 60%
das pessoas que sofreram de depressão voltam a tê-la novamente em suas vidas. No
entanto, as estatísticas mostram que nos homens as depressões são mais
frequentes aos 40 anos e nas mulheres acontecem um pouco mais cedo, pois são
indícios de das mudanças que começam no inconsciente. Traços desaparecidos
desde a infância podem voltar à tona, pode ser que antigas inclinações e
interesses comecem a diminuir dando lugar aos novos interesses, para promover
as mudanças que gerarão uma nova personalidade, uma personalidade madura, mas a
cegueira faz com que os princípios de ordem moral comecem a endurecer-se o que
pode levar a pessoa ao fanatismo e intolerância por receio de mudar sua postura
moral já estabelecida e então, a depressão continuará fazendo seu papel até que
a pessoa consiga aceitar uma nova maneira de ser.
10.
Que tipo de pessoas estão mais sujeitas a estados
depressivos?
Pessoas que ficam
privadas do sono, por trabalhos noturnos, pessoas que trocam o dia pela noite,
pessoas que trabalham em locais insalubres, pessoas sobrecarregadas de tarefas,
abuso de substâncias como álcool, cafeína, estimulantes (remédios para
emagrecer, entre outros). Pessoas que não aceitam mudanças, que sequer querem
considera-las.
11.
Como prevenir a depressão?
Ter uma vida
saudável, com momentos de lazer, descanso, atividade produtiva, dormir bem,
exercitar-se fisicamente e, principalmente buscar o autoconhecimento
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
SOLIDÃO
SOLIDÃO
Em grego
solitário quer dizer solteiro, unificado.
1. Como era a solidão na pré-história?
Estudos feitos na
história da África, em uma tribo de índios, constataram que membros que eram
expulsos da tribo passavam a vagar solitariamente e tinham grande probabilidade
de morrer, pois no passado pré-histórico isso era uma condenação à morte e a
não deixar descendentes.
Esse índio necessitava
estar agregado a um grupo porque lhe dava acesso a fontes de alimentos e a
chances de acasalamento, além de se sentir protegido dos predadores.
2. O que significa retirar o indivíduo
de seu grupo?
A fome é um indicador
de que precisamos de nutrientes para o nosso corpo, a dor física sugere que
possamos ter uma lesão nos tecidos. Com fome o indivíduo busca algo para comer
e com dor ele busca a cura. Pensemos na solidão. Ela produz ansiedade e dor
emocional que nos pressiona a buscar conexão com um grupo, que também é vital
para o ser humano. A solidão se torna uma ameaça à sobrevivência e à
reprodução.
3. Mas, todos percebem a solidão no
mesmo grau de intensidade?
Não, as pessoas
exploradoras, aquelas personalidades mais extrovertidas, que buscam novidades e
tem pouco medo do desconhecido são as que pouco sentem a solidão. Estão sempre
ativas e cobrem todo o seu tempo com coisas a fazer.
4. Quais são os males que a solidão pode
nos trazer?
Doença de Alzheimer,
transtornos do sono, problemas cardiovasculares, aumenta o risco de demência e
morte prematura e é uma das principais causas da depressão.
5. A solidão dói?
Sim, a solidão dói
literalmente. Ela dificulta o controle dos pensamentos, emoções e impulsos de
prazer. A pessoa busca um alívio para essa dor, lançando mão de estratégias
mais imediatas para se sentir melhor como: consumir mais doces e comidas com
gordura, alcoolismo, sedentarismo e uso de drogas. Num primeiro momento pode
até aliviar a dor, mas a pessoa aumenta ainda mais o sentimento de solidão num
segundo momento porque o doce ou qualquer outro artifício não lhe cobrirá o
vazio que sente na alma.
6. As redes sociais, como Facebook, é um
meio de as pessoas se sentirem menos solitárias?
A nossa sociedade vive
um paradoxo entre a globalização e o individualismo. É uma ilusão pensarmos que
sim, que as pessoas se sentem menos solitárias. Vejamos: a pessoa se conecta e
acredita que as pessoas que estão trocando mensagens estão se integrando, que
as fotos mostram uma felicidade sem igual e que estão com uma vida social
intensa, aí, ela, a pessoa que se conectou, olha para si, para sua vida e se
afunda ainda mais dentro da sua solidão, porque ela não tem tudo aquilo que os
outros tem, amizades, beleza, juventude.
7. O que a pessoa quer quando se sente
só?
Ela quer que seus
desejos sejam atendidos, há uma grande insatisfação que ela nem sabe do que é. Ela
quer o olhar de que ela é especial, especial para as pessoas que ela estima,
ama. Ela quer ser solicitada pelos conhecimentos que adquiriu na vida. Ela quer
ser valorizada. Mas isso não será possível se ela não fizer um trabalho de
autoconhecimento para encontrar nela todas essas qualidades, pois quem quer se
juntar à uma pessoa deprimida, uma pessoa que se sente desvalorizada, que só
tem pensamentos negativos? Acho difícil alguém dizer que lhe faz bem uma pessoa
com essas qualidades negativas.
8. Como uma pessoa chega ao estado de
solidão?
A rigidez e a
inflexibilidade, a falta de leveza, de descontração faz com que as pessoas
percam a simpatia. Essas pessoas, com o tempo, acabam por ter um linguajar mais
pessoal e direto, não conseguem se exprimir com clareza sobre algo que se lhe
apresenta. São assaltadas de dentro, pelo inconsciente, reúnem provas que sejam
contrárias, contra coisas que parecem totalmente supérfluas aos estranhos. Elas
estão sempre achando alguma coisa e acreditam no que acham ser o certo, não
dando vez aos outros. São pessoas que não aceitarão críticas, por mais justa
que forem. Há um envenenamento pelos seus sentimentos de amargura. A pessoa
aqui, vai se tornando isolada dos demais e cresce a luta com a influência
inconsciente que, aos poucos, o vai paralisando e consumindo interiormente.
Essa pessoa é vista como perigosa e suspeita, pois não se sabe,
antecipadamente, qual será a novidade que ela irá propor.
9. Até aqui, a solidão foi colocada como
negativa. Há outro modo de vê-la?
Sim. Até aqui falamos
das pessoas que estão inconscientes de suas qualidades negativas. Vamos então,
ver o outro “lado da moeda”. As pessoas em um nível de consciência mais
avançado também podem estar em um estado de solidão. Essas pessoas são aquelas
que não precisam fazer parte de um grupo quando não lhe diz respeito para
poderem se sentir acompanhadas. No processo de individuação, termo usado por
C.G.Jung, grande pesquisador da alma humana, que é um processo pelo qual a
pessoa se torna um indivíduo psicológico, ou seja, onde há um equilíbrio e um
relacionamento entre consciente e inconsciente, a pessoa se sente bem consigo
mesma e pode ficar só sem desgaste emocional. É uma solidão que não se trata de
ser antissocial, como vimos acima, mas que “pode devolver-nos ao mundo com
renovada energia para a ação e um sentido mais aguçado de nossa própria
identidade e de nosso papel especial em relação ao mundo”. Uma pessoa que tenha atingido um segurança
interior, continuará a ser envolvida na vida, mas de um modo diferente.
10.
Qual
é o papel da solidão?
Conta a história que
os hebreus viviam a experiência da solidão como algo positivo, não a percebendo
como trágica, pois o sentido da solidão é o deserto, a comunicação direta com
Deus é alcançada. Forçar o indivíduo a olhar para dentro de si e a navegar nas
águas do mundo interior para trazer as riquezas que lá estão escondidas. Uma
condição para que isso aconteça é ser uma pessoa guerreira e corajosa. Se não
falamos o que sentimos, não buscamos o que precisamos, quando não colocamos
limites na vida para que ela nos machuque menos, não fomos abandonados pelo
mundo, fomos abandonados por nós mesmos.
11.
O
que a solidão traz para a sociedade?
Muitas obras
consagradas no âmbito da literatura, música, teatro e outros, foram concebidas
a partir do isolamento de seus autores, mas também para aqueles que não são
autores, um novo olhar diante do próximo, uma compreensão, uma nova forma de se
colocar no lugar do outro.
12.
Como
C.G.Jung, se refere à solidão?
“...tendo atrás de si
tudo o que ruiu e foi superado, e diante de si o nada, do qual tudo pode
surgir.”
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
ESTRESSE - O mau dos novos tempos
ESTRESSE – O Mau dos novos
tempos
O instinto é natural:
Cada qual para o que merece
Cada qual com seu estresse
Seus modos de afagar
Outros a molestar.
Quando um nasce para briga
E outro vive de intriga,
Têm ainda outro a revogar.
Um vive de engano
Iludindo o coração
Outro opta ao fato;
Mas de tamanha sinceridade
Deve-se muito o perdão
Um com medo da selva
Outro teme a urbanização.
Um voando alto
Outro preso na relva
E relva presa no chão.
Um querendo satisfação
Outro buscando verdade.
Um: amigos
Outro: solidão
Um: simplicidade
Outro: complicação
Um: pouca idade
Outro: ancião
Um mora na cidade
E outro habita no sertão.
Cada qual para o que merece
Cada qual com seu estresse
Seus modos de afagar
Outros a molestar.
Quando um nasce para briga
E outro vive de intriga,
Têm ainda outro a revogar.
Um vive de engano
Iludindo o coração
Outro opta ao fato;
Mas de tamanha sinceridade
Deve-se muito o perdão
Um com medo da selva
Outro teme a urbanização.
Um voando alto
Outro preso na relva
E relva presa no chão.
Um querendo satisfação
Outro buscando verdade.
Um: amigos
Outro: solidão
Um: simplicidade
Outro: complicação
Um: pouca idade
Outro: ancião
Um mora na cidade
E outro habita no sertão.
A palavra estresse, em si,
quer dizer “pressão”, “insistência” e estar estressado quer dizer “estar sob
pressão” ou estar sob a ação de um estímulo insistente.
1. Quais os sintomas do
estresse?
Você já se viu sem motivo aparente com dor de
cabeça, noite mal dormida, irritação, cansaço, falta de concentração, tem
tensão muscular, problemas gastrointestinais, e ainda mais, começa a ter
distúrbios psíquicos como depressão, pânico, pensamentos confusos,
esquecimentos, pois bem, estes são alguns dos sintomas que mostram que você
pode estar estressada. Podem acontecer devido a eventos únicos, como,
separações, perdas, problemas familiares, dificuldades econômicas, maus-tratos,
violência que colocam as pessoas em constante estado de alerta contra as
possíveis ameaças.
É a perda de algo desejado ou o impedimento
de fazer algo que deseja sem apoio ou recursos para a realização e ainda tendo
que lidar com críticas ou exigências que a própria pessoa se faz ou com a de
outras pessoas.
2.
Então, o que é estresse?
É um estado do organismo tanto físico quanto psíquico que chegou ao
limite sem você se dar conta e que exigem uma adaptação à uma nova condição de
vida. Pensemos no seguinte. Imagine uma
bexiga, você vai enchendo, enchendo e a borracha vai esticando, esticando até
que em determinado momento ela explode. Assim é com o nosso corpo físico e
mental.
Por exemplo: você toma vários cafezinhos por dia, se alimenta muito mau
e tem tido contrariedades constantes. É possível que você chegue a ter um
problema gastrointestinal. Essa doença pode ser a manifestação somática do
quanto você foi se estressando ao longo de um determinado período.
O estresse perturba o equilíbrio natural do ser, leva ao desconforto e
intensifica para as pessoas que já tem uma predisposição para entrar naquele
estado, por exemplo, uma gastrite.
3. Como se perceber com
estresse?
Para se perceber estressado(a) é necessário que a adrenalina diminua e,
então fazer uma análise das ocorrências do dia ou do período, aquelas que
deixaram a adrenalina aumentar. A partir dessa reflexão pode-se notar os
sintomas mencionados anteriormente e assim se reestabelecer pois, a consciência
é o caminho para a solução.
4. Todas as pessoas
ficam estressadas pelas mesmas situações?
Os sintomas e suas repercussões se diferenciarão de acordo com a
interpretação e o significado atribuído ao elemento estressor, levando-se em
conta a vulnerabilidade de cada pessoa.
5. Como e quais os
ambientes que podem nos causar o estresse?
Certa vez eu assisti a um programa de
televisão e ouvi que a mente dos homens funcionam com caixinhas. Eles têm em
sua mente a caixinha do trabalho, do patrão, a da família, a da esposa, a do
sexo, a dos filhos, do físico, do dinheiro, etc. e que quando uma delas estava
aberta, as outras estavam fechadas e isso fazia deles péssimos ouvintes quando
se tratava de uma caixinha fechada.
Pensemos que todos nós, homens e mulheres,
tenhamos essas tais caixinhas e o quanto cada uma delas consome nossa energia
ao longo de um tempo.
Se for
a profissão: assim que o jovem está pronto para escolher uma faculdade pensa
várias possibilidades, mas ele ainda é imaturo e não tem experiência para
escolher algo segundo sua verdadeira vocação, seu dom, porque não se conhece,
então escolhe a faculdade da moda, ou a que dará chances para receber um ótimo
salário, se forma, às vezes, “aos trancos e barrancos”, vai ao mercado de
trabalho e pronto! Não é o que gosta, que sente prazer, mas como investiu tempo
e dinheiro para se formar continua lá, naquilo de que não gosta, aí começa a
ter medo de não conseguir uma nova colocação, se frustra, etc.
6. Então, quer dizer que
nos auto impomos algo?
Quase sempre, dei o exemplo do estresse
profissional onde a pessoa tenta cumprir todas as exigências que lhe são pedidas
claramente ou não como: ser criativo,
comunicativo, concentrado, saber ouvir e se colocar, crescer, ter
responsabilidades, tolerância. Estar pronto para se entregar de corpo e alma à
empresa.
Vejamos nos relacionamentos. Os
relacionamentos nos ajudam a nos conhecer e a crescer enquanto indivíduos,
porém é muito difícil porque geramos expectativas. Ora se nós não nos conhecemos como iremos
conhecer com quem nos relacionamos? O que fazemos é usar o nosso medidor
chamado “ACHÔMETRO”, não é mesmo?
Porque vivemos a ilusão de achar que
recebemos uma resposta errada às nossas intenções vamos tentando e vamos nos
frustrando a ponto de deixar a nossa bexiga estourar o que nos causa medo e
revolta. Tentamos outra vez, e mais uma vez porque supomos que estamos errando,
e aí vem uma série de características nossas sobre as quais vamos dando valor
negativo como beleza, inteligência, etc.
7. Como lidar com o
estresse?
Só com uma análise consciente do que sentimos
e do que pensamos é possível lidarmos com o estresse, porém na maioria das
vezes precisamos de uma pessoa que possa nos auxiliar como um psicanalista, por
exemplo, para identificarmos o estresse e mudar nosso modo de ver aquilo que
nos cerca e que aparentemente nos é necessário.
ELIZABETH SARTORI
Psicanalista e Analista Junguiana
(Psicologia Analítica)
Cel.: (11) 9.9218-2418
Atendimentos na: Zona Sul – Vila
Mariana
Zona Norte -
Tucuruvi
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
O Segredo - Elos de uma corrente.
Muito se pode aprender com os
jovens e também com os velhos, mas não se dá muita atenção aos ensinamentos.
As experiências que eles vivem ou
viveram não são as mesmas que vivemos? Mas por que quando queremos transmitir a
nossa experiência a tomamos como únicas e sofridas e não damos atenção àquele
que teve uma experiência semelhante?
Penso que se trata de um processo
narcísico. Tomemos o caso de um mal estar físico corriqueiro, por exemplo, uma
dor no pescoço por má postura.
A pessoa sente a dor por dias,
semanas e até meses, mas aguenta e coloca nela toda a atenção, superinvestindo
de energia o ponto dolorido. Ela não se vê como um todo e sim uma parte do
todo.
Na linha psicanalítica Lacaniana
fala-se do estádio do espelho. A criança, quando começa a se perceber, olha
pela primeira vez no espelho e pronto! Ela se descobre, ela se vê, fica
emocionada com seus aspectos corporais, acredita que o espelho mostrou-lhe por
inteiro, mas não é verdade, existe um ponto que ela não viu, os olhos. Existe
uma lacuna, falta algo.
Pense na pessoa com dor. Ela se
olha, mas vê somente uma parte de seu corpo. O local da dor.
Bem, na tentativa de aplacar a
dor que sente, num primeiro momento a pessoa procura fazer uso dos remédios que
são fáceis de comprar e dos quais todo mundo fala sem conhecimento de causa, e
em caso de não dar certo, ela vai se consultar com um médico que lhe pede
exames e depois lhe receita mais remédios. Então a dor que já tinha algum
tempo, toma proporções maiores.
Então, voltemos às perguntas. O
processo psíquico é individual, assim como não existe duas digitais iguais. As
experiências são como elos de uma corrente e todos os elos juntos fazem a
corrente. Mas será que somos suficientemente capazes de descobrirmos sozinhos
que deixamos de ver os olhos no espelho ou que ainda não existe a corrente?
e.mail: beth.psicanalista@yahoo.com.br
atendimentos na Zona Norte e Zona Sul de São Paulo.
terça-feira, 8 de setembro de 2015
Defesas
A primeira atitude de uma pessoa
diante de um obstáculo é se defender assim como o animal que quando se vê
diante de um perigo, se coloca em prontidão para atacar ou ataca.
Em psicanálise essas ações têm
por finalidade reduzir ou eliminar qualquer manifestação que ponha em perigo a
integridade do ego. Se ver em perigo seja ele qual for traz angústias e a
intensidade delas deixam os mecanismos de defesa mais ativados.
As pessoas podem querer
equilibrar suas qualidades com suas deficiências, como uma pessoa que não
consegue amar pode passar a sentir dores para não ter que se perguntar ou
enfrentar as dificuldades que a levam a falta de amor.
Existem também aquelas pessoas que
se refugiam na fantasia, sonham acordadas com algo que poderá nunca acontecer.
Elas se defendem do desprazer da sua realidade.
Há também aquelas que se sentem
cobradas o tempo todo e lutam contra a sua suposta incapacidade, se veem pouco inteligentes
justificando seu erro com tal veemência que é impossível o outro contradizer.
Ou aquele que passa a não confiar
nas pessoas com as mesmas características de uma pessoa que lhe decepcionou.
Exemplo disso, temos nas frases: Todos os homens são canalhas. Todas as
mulheres são vulgares.
Têm também aquelas que colocam o
perigo sempre presente e prestes a prejudicá-las, outras que imitam as
características das pessoas que lhe chamam a atenção; outras que usam a mentira
para salvar-se dos possíveis castigos, outras que regridem à fases menos
dolorosas e para terminar as chamadas projeções em psicanálise que é: Tudo que
vejo nele(a) de bom ou de ruim é meu também e por isso eu a enalteço ou a
critico.
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Redução de ser
A
criança não tem fala suficiente quando está reduzida. Ela precisa falar para
mostrar o quanto tem de lacunas na sua estrutura psíquica assim como os pais. A
criança sabe quem ela não é, mas não sabe quem é, assim como o indivíduo que não
tem palavras, mas tem objetos à sua disposição para construir a cadeia de
significantes.
Ex.:
Menino vomita quando houve a voz do pai.
O
menino se olha no espelho (pai) e vê o quanto a mãe rejeita o pai.
A
criança só tem um campo para mostrar sua metonímia. Vai se definindo algumas
coisas no seu desejo. Vê um objeto que significa o seu conflito, ela não quer o
objeto em si, mas para se significar. Ex.: Colecionadores.
A
compra de sapatos, bolsas, acessórios, roupas é uma tentativa de aumentar a
verbalização. Mas se ficar reduzido a buscar no exterior as suas expressões
ficará sempre buscando objetos para se significar, a dizer quem é porque a
tendência do ter é fruto da fragmentação do seu jeito. No caso da redução
demasiada dos objetos, existe um desejo muito grande do indivíduo que esses
objetos não conseguem suprir, portanto tudo o que o indivíduo deseja não é o
que ele quer.
Se,
p.ex. o corpo atrair numa pessoa, essa é a redução do indivíduo, é a obsessão
do desejo. Todos os desejos são buracos e não é isso o que se deseja, porque só
pode compor os desejos faltantes. É o que sobrou, não consegue ver o que
significa. Se o indivíduo fala, o corpo não precisa falar. A dor no corpo é uma
forma de falar sobre algo que está para ser significado. O que tiraram de mim?
Segundo Miller, J-A. (1998). “O osso
de uma análise”, trata-se de outra concepção de significante, não apenas como
aquilo que mortifica o corpo, que libera do corpo o mais-de-gozar, mas que
determina o regime de gozo (intensidade
de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do ser falante. O gozo já não é
apenas gozo do corpo, mas também gozo da linguagem, na medida em que o
indivíduo tem um corpo.
“De modo que,
para o impossível, a saída analítica é pela contingência, indicando que a
solução seja o tornar possível ao sujeito lidar com o gozo, mas de um modo que
não indique a prisão na necessidade própria do sintoma. Para o necessário, a
saída indicada como o caminho possível não difere da forma contingente, já que
o contingente se define por aquilo que é possível, mas não necessário.”
(Fábio Santos Bispo).
Atendimentos na
Zona Sul e Zona Norte
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beth.psicanalista@yahoo.com.br
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O que o indivíduo pensa ao se ver no espelho? Fragmentação, desejo e a fala.
Tudo
o que ele pensa sobre si é a partir de como ele é olhado. Alguém pensou o indivíduo e ao pensá-lo fala
dele, assim o indivíduo se modula, criando o que o Jung chamou de persona. O
indivíduo só cabe no pensamento de quem o fala, que o define como tal, criando
uma fragmentação. Nota-se que o indivíduo que é visto pelos pais tem buracos na
cadeira de significantes. Dentro desse olhar limitante do outro o indivíduo se
torna limitador para o outro também.
O
inconsciente se expressa através da linguagem para facilitar o gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda
não se instaurou) do desejo. Construímos o caminho mais rápido para uma
metonímia para a aproximação de quem somos.
A metonímia é a substituição de uma palavra
por outra quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que
permite essa troca. É uma figura de linguagem que surge da necessidade do
falante ou escritor dar mais ênfase à comunicação. Ex.: O autor pela obra – ler
Machado de Assis
Na terapia o indivíduo procura ampliar sua personalidade.
Essa cadeia de significantes (atos
falhos, cistes, apelos, sonhos) entrelaça com outras para formar
o que o Jung chamou de cadeia arquetípica, sentir. Assim como os arquétipos,
nenhum significante comportará um significado completo e irredutível, mas deslizará
constantemente por uma cadeia de significantes arbitrários, sem nunca ter fim.
Só uma atitude comandada pela necessidade pragmática de comunicação é que pode
interromper, barrando esse sentido sempre em aberto do significante e fazê-lo
cristalizar-se por algum tempo. Mas o desejo sempre conseguirá fazer que os
significantes se movam e falará através das fissuras deixadas cobertas.
“O trabalho analítico baseia-se
exclusivamente nos significantes, é uma cura pela fala (talking cure) diz
Freud. Trata-se de fazer os significantes se encadearem uns nos outros, de
produzir uma corrente. Mesmo quando o que se diz parece evidente, para o
analista, os significantes nunca são suficientes para uma compreensão. Nunca.
Pois na verdade o analista não busca compreender, mas sim fazer com que o
analisando produza discurso. O sentido permanece sempre aberto. Quando o
analista pergunta: e então? – está implícito: e depois?”( Cláudio Pfeil)
O
indivíduo durante a vida inteira vai fazer a mímica diante das argumentações. Na
cadeia de significantes esburacada ele e o outro estão dentro de uma
aproximação funcional que não revela o propósito correto. O Eu não se vê inteiro
para o outro e é isso que o angustia. É como se definisse por partes.
Ex.:
Mulher se vende como um corpo porque é assim que o outro a vê. Homem precisa se
ver para ampliar sua visão para que ela se modifique.
O
indivíduo sendo do jeito que o outro quer instala um vazio e em não conseguir
decifrar o outro, sofre pela sua falta. Não existe um agressor fora e sim
aquilo que você quer ver. O baile Funk é uma tentativa de sair do oferecimento do
corpo, oferecendo-se, porque se o indivíduo se isola não terá uma perspectiva
de cura.
A
partir dessa fragmentação, ele desejará ser mais inteiro que o olhar que o outro
lhe permite e quando descobre que não existe emocionalmente todo o seu querer
esta circunscrito ao que ele é. A angústia de não ser decifrado o leva à morte
ou a matar o outro.
O
indivíduo que não nasceu é aquele que não consegue se ver com tendência a não
terminar nada do que começa. Mas é só porque existe o grande Outro
(Self, Divino) que
não morremos pelo olhar do pequeno outro.
O
Nome do Pai tem a lei e não deixa se inundar pelo complexo, não se deixa
explodir na cadeia de significantes para não se tornar um Deus. No seminário 5 – as formações do inconsciente
(Lacan, 1957),
essa lógica é chamada de lógica da castração. É a lógica da metáfora paterna,
que tem o Nome-do-Pai (aquele que dá
consistência) como o significante que faz a função de exceção para
que a cadeia dos outros significantes se estruture como lei. Se couber no
limite compreensível do Grande Outro, o sujeito se significa
e a angústia cessa.
O que
impede o casal de se amar é que eles estão no campo dos pais. Cada um apresenta
o limite do que vê no outro criando uma frustração que é percebida pelo ataque
de um parceiro ao outro. Se casar porque qualquer motivo que não o
conhecimento, o casamento degenera e acaba. Porém quando não apontar defeitos
no outro o casamento de fato de instala.
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beth.psicanalista@yahoo.com.br
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Discurso, fórmula matemática
Lacan chama o sentido da vida de Lei,
metáfora paterna, Nome do Pai (que dá consistência). Ele faz uso do Banquete de Platão
para entender a relação Sócrates (analista) e Alcebíades (analisando) ou se preferir, amado e amante.
“O
sujeito do desejo se apresenta quando o sujeito do significante passa a se
relacionar com uma falta de saber. Em outras palavras, com um pequeno furo na
sua regularidade. Já em relação ao sujeito do gozo a relação é com uma
significação a mais. O sujeito
do desejo se encontra na relação com uma falta de sentido, enquanto o sujeito
do gozo se encontra na relação com o sentido, que não deixa nada de fora, com o
um a mais.” Lacan
Real contem tudo que
é verbalizado e não é visto por ninguém porque não existe uma posição para
discursar sobre o verbalizado, pois passamos por perto e não nos
sensibilizamos. O real é um sistema de percepção da realidade no qual se tem a
necessidade de discursar. Exemplo disso é a vida do animal, ele vive no real,
no vazio, levando muito tempo para se transformar porque está disposto a uma
lei parametrizada pelas regras de cada espécie e o instinto determina as ações.
Nota-se que um animal não ataca se não se sentir ameaçado, pois, existe uma lei
do ecossistema que regula esse instinto.
A cadeia de
significantes (atos falhos, cistes, apelos, sonhos) de um dia, por exemplo, é ditada
imagem por imagem, segundo por segundo. Para se conhecer um indivíduo podemos
fazê-lo por amostragem, ou seja, um período da vida dele, como acontecimentos
do dia anterior, suas motivações e, assim, teremos uma leitura, como quando um
médico pergunta ao paciente quais a dores, o incômodo, desde quando. Ele faz
uma investigação de imagem a imagem para estabelecer um diagnóstico e isso produz
uma capacidade discursiva do paciente que dará o perfil da dor.
Um indivíduo
pode, em uma conversa, perder o contato de atenção com a exposição, no entanto,
ele não sabe dizer no que estava pensando. Pode ser que no momento em que o
interlocutor apresentava um exemplo de cachorro que late, pula, é agressivo,
etc.... qualquer dessas palavras o tenha levado a um desconforto e por isso se
abstraiu da explicação porque uma das palavras encontrou um buraco na estrutura
psíquica, onde não tem um discurso que daria um significado.
Quando há capacidade
discursiva mais ampla o indivíduo tem mais recursos para achar soluções, porque
irá significar as imagens com os recursos que tem. Se houver um excedente
agressivo, então a resposta será agressividade, porém se pegar a sequência
subjetiva do outro, não será necessariamente a sua sequência, a resposta terá
falta de objetividade, mas possibilitará uma “super-visão”.
Ex.: Nas guerras
de Roma, um dia um general subiu à uma colina e viu seu exército lutando de
todas as maneiras possíveis e inimagináveis, sem nenhuma estratégia. Naquele
momento ele percebeu que deveria montar estratégias e assim o fez. O exército
romano que já era invencível, ficou imbatível por mais 1.500 anos conquistando
vários povos. Hoje é comum um líder “subir na colina” para ter uma
“super-visão”.
O desejo de “ser”
não é um desejo de “ser em si” porque existe uma ordem de desenvolvimento na
psique que se molda na linguagem e as lacunas, os lapsos de linguagem são
aqueles que dão um limite na compreensão do indivíduo. Essa falha na linguagem
interfere na compreensão de algo lá na frente.
Ex.: Um homem que esteve com 10 mulheres cita
outro que esteve com 40, achando, então, que teve poucas mulheres. Ele tem
buracos na compreensão, desde fritar um ovo até comprar algo e essas mulheres
que faltam substituem a linguagem da angústia, mostrando que há um excedente
libidinal que produz uma resposta fora de controle, porém há a necessidade de
ser traduzido para produzir cultura. Em não ter um discurso, a ação provém do
instinto e ele precisa ser esgotado com um discurso sistemático. O psicopata é
aquele que não tem discurso, é aquele que não manifesta seus sentimentos, ele
não tem discurso. Podemos entender que
todo excesso é falta de discurso onde há um excedente libidinal que produz uma
resposta instintiva fora de controle (agressividade, sexualidade, poder.)
.___.___.___.___. = cadeia de significantes que compõe a lei
.___.___. x
.___. = cadeia de significantes com instinto que precisa do embate, onde
“x” é o instinto, a lacuna. O indivíduo que vejo irá receber as expectativas da
lacuna que tenho. É preciso decifrar o instinto.
Lacan afirma que não se pode definir o
significante sem o gozo(intensidade de energia cujo limite ainda não
se instaurou) , e que não se
pode definir o gozo sem o significante (atos falhos,
cistes, apelos, sonhos) . Portanto, traz uma nova definição de significante que se refere
ao corpo. Essa referência se faz sob a modalidade do sintoma. O sintoma inclui
o desejo e o gozo. Trata-se de restabelecer, a partir do Seminário 20,
uma noção que não separe o sujeito da substância gozante. Há um real (tudo
aquilo que não tem a obrigação de ser nomeado) no sintoma que deve ser incluído no seu conceito. A noção de
sujeito do desejo não comportaria o gozo irredutível a essa noção de sujeito do
significante.
Para a mãe que
tem buracos na sua estrutura psíquica, fruto de uma educação com lacuna, o filho
recebe as expectativas desse buraco. Ex.: A mãe não estudou. O filho precisa
estudar. Ela quer algo dele que cabe dentro de sua significação e o filho não
tem espaço para ir além disto. Ele é o sujeito barrado de si mesmo porque está
impedido de saber quem ele é, porque é o discurso da lacuna dos pais, com a
sensação de abandono, de estar sozinho, e em não se sentindo o sujeito que
determina as ações, é o objeto cuja ação já está determinada.
Tânia Cristina B. Cabral em seu Livro “Os
quatro discursos de Lacan e o teorema fundamental do cálculo” discorre sobre as
formulas matemáticas utilizadas por Lacan para identificar a estruturação da
linguagem, como segue:
“O sujeito do desejo é aquele que questiona os
efeitos do significante, localiza-se como sujeito barrado de gozo, e sujeito
diante da impossibilidade de uma última significação. Nesse ponto do ensino de
Lacan, o sujeito do desejo se encontra numa posição radical ao nível da
privação do objeto, já que há uma confluência entre o objeto a e o falo. Por conseguinte, o
sujeito é um objeto negativo (-φ),
é falta-a-ser.” Lacan
Segundo Lacan,
quando fala, o sujeito se submete a um processo complexo em que se imbricam
simultaneamente o imaginário, o simbólico e o real.
O conceito de
discurso em Lacan é precisamente este: Estatuto de enunciados. Não se deve
entender discurso como uma fala encadeada do professor que o aluno escuta,
invertendo-se ocasionalmente esses papéis, quando é o aluno quem fala.
“O
aluno abre mão da aprendizagem para manter o jogo da escola. Aprender seria
passar a ser outro, isto é, passar a outro saber que não o saber passar. Ele
recusa enfrentar-se com essa morte. O saber produzido no caderno é seu gozo
perdido: produziu, mas não gozou, só repetiu, não aprendeu, fez de conta.”
[CABRAL, 1992].
S₁ é o significante mestre. (agente)
S₂ é o saber, campo da lei,
o campo do grande Outro, lugar onde se pode falar em (des)obediência.
(trabalho)
Ṩ é o sujeito barrado, sujeito castrado. (verdade)
a
é o gozo, objeto perdido,
causa do desejo que se esconde na falha do Outro. (produção)
___ indica um recalque ou uma
omissão
→ O
impossível. É impossível que haja um
mestre que faça seu mundo funcionar e fazer com que as pessoas trabalhem é
ainda mais cansativo. O mestre nunca faz isso, diz Lacan. O desejo é sempre o
desejo do Outro.
▲ É a barreira que
separa os signos que figuram nos denominadores. O mestre só pode se sentir o
tal à medida em que se isola do a do
aluno e aparece como assumindo a função de mestre por mérito de conhecimento,
não por astúcia. Diz Lacan: Instalar-se tranquilamente como sujeito do senhor,
isso não pode ser feito na qualidade de mais-gozar.
S1 → S2
Ṩ ▲ a
Mantendo
as posições de agente, verdade, trabalho e produção veremos que após ter
atendido o desejo do Outro, o indivíduo não é mais o discurso do mestre. Os
significantes giraram, como o diagrama:
S₂ → a
S₁ ▲ Ṩ
Se
a função da demanda é exercida pelo próprio a, enquanto objeto
perdido, isso só é possível se um semblante do a passar ao primeiro plano e funcionar como tampão da falha do
Outro.
“Aí está o oco,
a hiância que, de saída, um certo número
de objetos vêm preencher, objetos que são, de algum modo,
pré-adaptados, feitos para servir de
tampão.” [LACAN, p. 48]
O
desejo que move o S₂
em sua função de saber é, então, causado por esse objeto, e constrói sua
fantasia
a partir do semblante que o objeto apresenta.
“ O objeto a é o que são todos vocês, na medida em
que estão aqui enfileirados.” [LACAN, p.170]
Discurso do analista ... discurso do
objeto
Desejo Outro Discurso do analista agente
trabalho
a → Ṩ Analisar é impossível a → Ṩ
S₂ ▲ S₁
S₂ ▲ S₁
Verdade perda verdade produção
Esse
discurso marca o momento em que o mestre passa a fazer aplicações da teoria
dada e passa alguns exercícios para serem resolvidos ou o momento
da prova. Na posição do agente temos o objeto a, que subitamente muda de semblante:
não é mais o estudante que comparece aí, mas o que se pode chamar objeto do conhecimento, em geral sob
a forma de um exercício a resolver. A verdade desse momento é o saber
organizado que, agora, não deve aparecer como tal, mas, sim, sob a forma
de uma intimidade do indivíduo com o objeto de conhecimento. É preciso que o
exercício não seja mera aplicação de fórmula, para que não se recaia no
discurso do mestre. É preciso que o indivíduo busque os elementos necessários à
solução na história de seu saber, na teoria, S₂, que agora comparece como fundação
recalcada. Quem trabalha para isso é o Ṩ, o sujeito castrado, este que se
contentava com sua posição de estudante da teoria e a quem se pergunta, quando
tira zero na prova: Afinal, o que você quer?
Poder-se-ia completar, para deixá-lo espantado: Não vê que agora é seu o desejo que move o processo?
[CABRAL, 1992].
Sua
produção deve ser agora a solução.
No momento em que o aluno entrega a prova, algo é dado por pronto: É isso aí. É o que pude fazer. Sou o
que sou. Produziu um S₁, significante sem outro significado.
Quando entrega a última prova e é recompensado com o diploma, ou com o passe, quando se trata da formação de
psicanalistas, o aluno volta a ser o sujeito barrado sob esse significante S₁ . É isso que o autoriza a ser professor.
Com a formatura, recupera-se o discurso do mestre e a história se reproduz.
Em algum lugar deve estar escondida a razão última, a essência, dessa relação. De posse
dela saberei orientar-me tanto na demonstração quanto nas aplicações.
Em
nossos termos, Ṩ diria: Esse a que me falta e que talvez o Outro tenha, é o a sustentado por um saber S₂
de posse do qual eu me produzirei como senhor S₁. É o desejo do Ṩ,
funcionando a partir da posição do Outro, que faz o discurso do objeto. Pondo-se
na posição do Outro, Ṩ examina, interrogando o objeto, posto
na posição do desejo. Aí começa sua via crucis.”
A relação afetiva
entre duas pessoas fragmentadas tentando manter a relação é a Torre de Babel
onde ambas são objeto e não sujeito da ação, aí a relação se torna promíscua. Esses
buracos resultam na desmotivação, não há ação. Ex.: Uma mulher diz que o marido
é chato. Essa leitura que faz do marido é um buraco na sua estrutura que a
impede de gostar dele. Se ela fechar essa falta irá acontecer um conjunto de novas
atitudes que resignificarão o sujeito tornando-o melhor porque ele se tornará a
expressão do desejo.
A rotina é uma
obrigação enquanto sujeito barrado até criar uma opção, no entanto, se algo
acontece de diferente causa irritação.
No imaginário não
existe sujeito consciente e ele se torna um “ser” quando fecha os buracos
instintivos significando-os. Quando uma pessoa se coloca na terceira pessoa,
ela está muito longe dela. Ela pode produzir soluções fantásticas criadas pelo
Self que engole o eu. Ex.: Pelé = Suspensão do eu. Mas com a terapia ela vai saindo do “outro” (mãe) para o “Outro” (Pai, Divino).
Os nossos companheiros são de fato
como são ou são produtos daquilo que compreendo dentro da minha cadeia de
significantes?
O que temos na
nossa frente é um Sujeito Barrado. O seu sofrimento é o buraco, o espaço vazio.
Falta uma emoção que reconhece que ele não é o sujeito. A maneira pela qual se
percebe esse buraco é dada pela projeção. Se o sujeito não ficar apavorado e
não achar o sujeito preso, não resolve fecha o buraco na psique por isso que há
um momento que a morte é uma situação de cumplicidade por ter um significado a
tal ponto que não há mais espaço para a significação.
Não existe loucura; só existe a
incapacidade para entender.
Atendimentos na
Zona Sul e Zona Norte
e-mail:
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