quinta-feira, 26 de novembro de 2015

DEPRESSÃO


DEPRESSÃO

1.     O que é a depressão?
É um estado emocional que traz uma alteração de humor na forma de melancolia que reduz a estima por si próprio e por vezes há necessidade de autopunição. A depressão se instala na vida de uma pessoa e a torna incapaz de reagir ou de ter um comportamento normal ou habitual.
Estar em depressão é fundamentalmente compreendido como um entrar no silêncio e no vazio na busca do pote de ouro no final do arco íris.

2.     Podemos dizer que a pessoa deprimida está em estado de tristeza?
Não. Existe uma diferença entre tristeza e melancolia.
A tristeza se instala em resposta a alguma lembrança que teve um significado importante na vida da pessoa ou por algum evento ruim, como falta de dinheiro, perda de algo, etc. Na tristeza a pessoa segue com seus relacionamentos afetivos, compromissos sociais e com o seu trabalho. Ela consegue reagir e encontrar motivação para superar as dificuldades, ou seja, mantem a esperança.
Já a pessoa quando está melancólica não sabe o que perdeu. A perda é vivida pelo ego para preservar o objeto da perda, é como se tivesse perdido seu próprio eu. É como se a pessoa estivesse diante de um espelho, no qual não houvesse nenhuma imagem. O Eu não existe.

3.     Como vive uma pessoa depressiva?
Vivem sob a ameaça de uma catástrofe e não tem forças para agir. Se sente paralisada diante do caminhar da vida.

4.     Quais são as causas que levam a depressão?
São várias as causas, dentre elas:
. Infarto
. avc
. tumores cerebrais
. doenças endócrinas e neurológicas
. câncer
. disfunções hormonais
. uso, abuso e dependência de drogas ou medicamentos, como cocaína, álcool, maconha, crack, corticoides, remédios para pressão alta ou labirintite
. estresse com impacto agudo na vida da pessoa ou estresse continuado ao longo do tempo
. inconsciência de suas habilidades para resolver ou encontrar soluções para novas situações


5.     Quais são os sintomas que acompanham a depressão?
. Falta de motivação
. Falta de iniciativa
. Apatia
. Insegurança
. Baixa autoestima
. Pessimismo
. Ansiedade
. Angústia
. Aumento dou diminuição de apetite ou de sono
. Falta de energia
. Dores vagas pelo corpo.

6.     Como identificar que está com depressão?
A pessoa nem sempre percebe que está em depressão e trata os sintomas como algo passageiro. As pessoas que a cercam podem acreditar que o depressivo está com preguiça, que não tem vontade, que é falta de caráter ou de personalidade. Os profissionais da saúde, entendem que uma pessoa em estado depressivo apresenta cinco ou mais sintomas, durante um período de mais de duas semanas mencionados pela própria pessoa ou por terceiros.

7.     Quais são as consequências que podem resultar da depressão?
. Perda de emprego
. Afastamento dos amigos
. Discussões e conflitos de relacionamento interpessoal.

8.     Como a família pode ver uma pessoa depressiva?
A família pode, por falta de conhecimento, prejudicar ainda mais a pessoa que tem um quadro depressivo por ter pensamentos e dizeres preconceituosos como: é frescura, desleixo, falta esforço, entre outros. 

9.     A depressão pode acontecer na vida de uma pessoa mais de uma vez? Qual a sua frequência?
Sim. Cerca de 60% das pessoas que sofreram de depressão voltam a tê-la novamente em suas vidas. No entanto, as estatísticas mostram que nos homens as depressões são mais frequentes aos 40 anos e nas mulheres acontecem um pouco mais cedo, pois são indícios de das mudanças que começam no inconsciente. Traços desaparecidos desde a infância podem voltar à tona, pode ser que antigas inclinações e interesses comecem a diminuir dando lugar aos novos interesses, para promover as mudanças que gerarão uma nova personalidade, uma personalidade madura, mas a cegueira faz com que os princípios de ordem moral comecem a endurecer-se o que pode levar a pessoa ao fanatismo e intolerância por receio de mudar sua postura moral já estabelecida e então, a depressão continuará fazendo seu papel até que a pessoa consiga aceitar uma nova maneira de ser.

10.                       Que tipo de pessoas estão mais sujeitas a estados depressivos?
Pessoas que ficam privadas do sono, por trabalhos noturnos, pessoas que trocam o dia pela noite, pessoas que trabalham em locais insalubres, pessoas sobrecarregadas de tarefas, abuso de substâncias como álcool, cafeína, estimulantes (remédios para emagrecer, entre outros). Pessoas que não aceitam mudanças, que sequer querem considera-las.

11.                       Como prevenir a depressão?

Ter uma vida saudável, com momentos de lazer, descanso, atividade produtiva, dormir bem, exercitar-se fisicamente e, principalmente buscar o autoconhecimento

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

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SOLIDÃO

SOLIDÃO
Em grego solitário quer dizer solteiro, unificado.

1.    Como era a solidão na pré-história?
Estudos feitos na história da África, em uma tribo de índios, constataram que membros que eram expulsos da tribo passavam a vagar solitariamente e tinham grande probabilidade de morrer, pois no passado pré-histórico isso era uma condenação à morte e a não deixar descendentes.

Esse índio necessitava estar agregado a um grupo porque lhe dava acesso a fontes de alimentos e a chances de acasalamento, além de se sentir protegido dos predadores.

2.    O que significa retirar o indivíduo de seu grupo?
A fome é um indicador de que precisamos de nutrientes para o nosso corpo, a dor física sugere que possamos ter uma lesão nos tecidos. Com fome o indivíduo busca algo para comer e com dor ele busca a cura. Pensemos na solidão. Ela produz ansiedade e dor emocional que nos pressiona a buscar conexão com um grupo, que também é vital para o ser humano. A solidão se torna uma ameaça à sobrevivência e à reprodução.

3.    Mas, todos percebem a solidão no mesmo grau de intensidade?
Não, as pessoas exploradoras, aquelas personalidades mais extrovertidas, que buscam novidades e tem pouco medo do desconhecido são as que pouco sentem a solidão. Estão sempre ativas e cobrem todo o seu tempo com coisas a fazer.

4.    Quais são os males que a solidão pode nos trazer?
Doença de Alzheimer, transtornos do sono, problemas cardiovasculares, aumenta o risco de demência e morte prematura e é uma das principais causas da depressão.

5.    A solidão dói?
Sim, a solidão dói literalmente. Ela dificulta o controle dos pensamentos, emoções e impulsos de prazer. A pessoa busca um alívio para essa dor, lançando mão de estratégias mais imediatas para se sentir melhor como: consumir mais doces e comidas com gordura, alcoolismo, sedentarismo e uso de drogas. Num primeiro momento pode até aliviar a dor, mas a pessoa aumenta ainda mais o sentimento de solidão num segundo momento porque o doce ou qualquer outro artifício não lhe cobrirá o vazio que sente na alma.

6.    As redes sociais, como Facebook, é um meio de as pessoas se sentirem menos solitárias?
A nossa sociedade vive um paradoxo entre a globalização e o individualismo. É uma ilusão pensarmos que sim, que as pessoas se sentem menos solitárias. Vejamos: a pessoa se conecta e acredita que as pessoas que estão trocando mensagens estão se integrando, que as fotos mostram uma felicidade sem igual e que estão com uma vida social intensa, aí, ela, a pessoa que se conectou, olha para si, para sua vida e se afunda ainda mais dentro da sua solidão, porque ela não tem tudo aquilo que os outros tem, amizades, beleza, juventude.

7.    O que a pessoa quer quando se sente só?
Ela quer que seus desejos sejam atendidos, há uma grande insatisfação que ela nem sabe do que é. Ela quer o olhar de que ela é especial, especial para as pessoas que ela estima, ama. Ela quer ser solicitada pelos conhecimentos que adquiriu na vida. Ela quer ser valorizada. Mas isso não será possível se ela não fizer um trabalho de autoconhecimento para encontrar nela todas essas qualidades, pois quem quer se juntar à uma pessoa deprimida, uma pessoa que se sente desvalorizada, que só tem pensamentos negativos? Acho difícil alguém dizer que lhe faz bem uma pessoa com essas qualidades negativas.

8.    Como uma pessoa chega ao estado de solidão?
A rigidez e a inflexibilidade, a falta de leveza, de descontração faz com que as pessoas percam a simpatia. Essas pessoas, com o tempo, acabam por ter um linguajar mais pessoal e direto, não conseguem se exprimir com clareza sobre algo que se lhe apresenta. São assaltadas de dentro, pelo inconsciente, reúnem provas que sejam contrárias, contra coisas que parecem totalmente supérfluas aos estranhos. Elas estão sempre achando alguma coisa e acreditam no que acham ser o certo, não dando vez aos outros. São pessoas que não aceitarão críticas, por mais justa que forem. Há um envenenamento pelos seus sentimentos de amargura. A pessoa aqui, vai se tornando isolada dos demais e cresce a luta com a influência inconsciente que, aos poucos, o vai paralisando e consumindo interiormente. Essa pessoa é vista como perigosa e suspeita, pois não se sabe, antecipadamente, qual será a novidade que ela irá propor.

9.    Até aqui, a solidão foi colocada como negativa. Há outro modo de vê-la?
Sim. Até aqui falamos das pessoas que estão inconscientes de suas qualidades negativas. Vamos então, ver o outro “lado da moeda”. As pessoas em um nível de consciência mais avançado também podem estar em um estado de solidão. Essas pessoas são aquelas que não precisam fazer parte de um grupo quando não lhe diz respeito para poderem se sentir acompanhadas. No processo de individuação, termo usado por C.G.Jung, grande pesquisador da alma humana, que é um processo pelo qual a pessoa se torna um indivíduo psicológico, ou seja, onde há um equilíbrio e um relacionamento entre consciente e inconsciente, a pessoa se sente bem consigo mesma e pode ficar só sem desgaste emocional. É uma solidão que não se trata de ser antissocial, como vimos acima, mas que “pode devolver-nos ao mundo com renovada energia para a ação e um sentido mais aguçado de nossa própria identidade e de nosso papel especial em relação ao mundo”.  Uma pessoa que tenha atingido um segurança interior, continuará a ser envolvida na vida, mas de um modo diferente.

10.                      Qual é o papel da solidão?
Conta a história que os hebreus viviam a experiência da solidão como algo positivo, não a percebendo como trágica, pois o sentido da solidão é o deserto, a comunicação direta com Deus é alcançada. Forçar o indivíduo a olhar para dentro de si e a navegar nas águas do mundo interior para trazer as riquezas que lá estão escondidas. Uma condição para que isso aconteça é ser uma pessoa guerreira e corajosa. Se não falamos o que sentimos, não buscamos o que precisamos, quando não colocamos limites na vida para que ela nos machuque menos, não fomos abandonados pelo mundo, fomos abandonados por nós mesmos. 

11.                      O que a solidão traz para a sociedade?
Muitas obras consagradas no âmbito da literatura, música, teatro e outros, foram concebidas a partir do isolamento de seus autores, mas também para aqueles que não são autores, um novo olhar diante do próximo, uma compreensão, uma nova forma de se colocar no lugar do outro.

12.                      Como C.G.Jung, se refere à solidão?
“...tendo atrás de si tudo o que ruiu e foi superado, e diante de si o nada, do qual tudo pode surgir.”

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

ESTRESSE - O mau dos novos tempos



ESTRESSE – O Mau dos novos tempos
O instinto é natural:
Cada qual para o que merece
Cada qual com seu estresse
Seus modos de afagar
Outros a molestar.
Quando um nasce para briga
E outro vive de intriga,
Têm ainda outro a revogar.
Um vive de engano
Iludindo o coração
Outro opta ao fato;
Mas de tamanha sinceridade
Deve-se muito o perdão
Um com medo da selva
Outro teme a urbanização.
Um voando alto
Outro preso na relva
E relva presa no chão.
Um querendo satisfação
Outro buscando verdade.
Um: amigos
Outro: solidão
Um: simplicidade
Outro: complicação
Um: pouca idade
Outro: ancião
Um mora na cidade
E outro habita no sertão.

A palavra estresse, em si, quer dizer “pressão”, “insistência” e estar estressado quer dizer “estar sob pressão” ou estar sob a ação de um estímulo insistente.

1.   Quais os sintomas do estresse?
Você já se viu sem motivo aparente com dor de cabeça, noite mal dormida, irritação, cansaço, falta de concentração, tem tensão muscular, problemas gastrointestinais, e ainda mais, começa a ter distúrbios psíquicos como depressão, pânico, pensamentos confusos, esquecimentos, pois bem, estes são alguns dos sintomas que mostram que você pode estar estressada. Podem acontecer devido a eventos únicos, como, separações, perdas, problemas familiares, dificuldades econômicas, maus-tratos, violência que colocam as pessoas em constante estado de alerta contra as possíveis ameaças.

É a perda de algo desejado ou o impedimento de fazer algo que deseja sem apoio ou recursos para a realização e ainda tendo que lidar com críticas ou exigências que a própria pessoa se faz ou com a de outras pessoas.

2.   Então, o que é estresse?
É um estado do organismo tanto físico quanto psíquico que chegou ao limite sem você se dar conta e que exigem uma adaptação à uma nova condição de vida.  Pensemos no seguinte. Imagine uma bexiga, você vai enchendo, enchendo e a borracha vai esticando, esticando até que em determinado momento ela explode. Assim é com o nosso corpo físico e mental.

Por exemplo: você toma vários cafezinhos por dia, se alimenta muito mau e tem tido contrariedades constantes. É possível que você chegue a ter um problema gastrointestinal. Essa doença pode ser a manifestação somática do quanto você foi se estressando ao longo de um determinado período.
O estresse perturba o equilíbrio natural do ser, leva ao desconforto e intensifica para as pessoas que já tem uma predisposição para entrar naquele estado, por exemplo, uma gastrite.

3.   Como se perceber com estresse?
Para se perceber estressado(a) é necessário que a adrenalina diminua e, então fazer uma análise das ocorrências do dia ou do período, aquelas que deixaram a adrenalina aumentar. A partir dessa reflexão pode-se notar os sintomas mencionados anteriormente e assim se reestabelecer pois, a consciência é o caminho para a solução.

4.   Todas as pessoas ficam estressadas pelas mesmas situações?
Os sintomas e suas repercussões se diferenciarão de acordo com a interpretação e o significado atribuído ao elemento estressor, levando-se em conta a vulnerabilidade de cada pessoa.


5.   Como e quais os ambientes que podem nos causar o estresse?
Certa vez eu assisti a um programa de televisão e ouvi que a mente dos homens funcionam com caixinhas. Eles têm em sua mente a caixinha do trabalho, do patrão, a da família, a da esposa, a do sexo, a dos filhos, do físico, do dinheiro, etc. e que quando uma delas estava aberta, as outras estavam fechadas e isso fazia deles péssimos ouvintes quando se tratava de uma caixinha fechada.

Pensemos que todos nós, homens e mulheres, tenhamos essas tais caixinhas e o quanto cada uma delas consome nossa energia ao longo de um tempo.

 Se for a profissão: assim que o jovem está pronto para escolher uma faculdade pensa várias possibilidades, mas ele ainda é imaturo e não tem experiência para escolher algo segundo sua verdadeira vocação, seu dom, porque não se conhece, então escolhe a faculdade da moda, ou a que dará chances para receber um ótimo salário, se forma, às vezes, “aos trancos e barrancos”, vai ao mercado de trabalho e pronto! Não é o que gosta, que sente prazer, mas como investiu tempo e dinheiro para se formar continua lá, naquilo de que não gosta, aí começa a ter medo de não conseguir uma nova colocação, se frustra, etc.

6.   Então, quer dizer que nos auto impomos algo?
Quase sempre, dei o exemplo do estresse profissional onde a pessoa tenta cumprir todas as exigências que lhe são pedidas claramente ou não como:  ser criativo, comunicativo, concentrado, saber ouvir e se colocar, crescer, ter responsabilidades, tolerância. Estar pronto para se entregar de corpo e alma à empresa.

Vejamos nos relacionamentos. Os relacionamentos nos ajudam a nos conhecer e a crescer enquanto indivíduos, porém é muito difícil porque geramos expectativas.  Ora se nós não nos conhecemos como iremos conhecer com quem nos relacionamos? O que fazemos é usar o nosso medidor chamado “ACHÔMETRO”, não é mesmo?

Porque vivemos a ilusão de achar que recebemos uma resposta errada às nossas intenções vamos tentando e vamos nos frustrando a ponto de deixar a nossa bexiga estourar o que nos causa medo e revolta. Tentamos outra vez, e mais uma vez porque supomos que estamos errando, e aí vem uma série de características nossas sobre as quais vamos dando valor negativo como beleza, inteligência, etc.

7.   Como lidar com o estresse?
Só com uma análise consciente do que sentimos e do que pensamos é possível lidarmos com o estresse, porém na maioria das vezes precisamos de uma pessoa que possa nos auxiliar como um psicanalista, por exemplo, para identificarmos o estresse e mudar nosso modo de ver aquilo que nos cerca e que aparentemente nos é necessário.


ELIZABETH SARTORI
Psicanalista e Analista Junguiana (Psicologia Analítica)
Cel.: (11) 9.9218-2418
Atendimentos na: Zona Sul – Vila Mariana

                                Zona Norte - Tucuruvi

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Segredo - Elos de uma corrente.

Muito se pode aprender com os jovens e também com os velhos, mas não se dá muita atenção aos ensinamentos.

As experiências que eles vivem ou viveram não são as mesmas que vivemos? Mas por que quando queremos transmitir a nossa experiência a tomamos como únicas e sofridas e não damos atenção àquele que teve uma experiência semelhante?

Penso que se trata de um processo narcísico. Tomemos o caso de um mal estar físico corriqueiro, por exemplo, uma dor no pescoço por má postura.

A pessoa sente a dor por dias, semanas e até meses, mas aguenta e coloca nela toda a atenção, superinvestindo de energia o ponto dolorido. Ela não se vê como um todo e sim uma parte do todo.

Na linha psicanalítica Lacaniana fala-se do estádio do espelho. A criança, quando começa a se perceber, olha pela primeira vez no espelho e pronto! Ela se descobre, ela se vê, fica emocionada com seus aspectos corporais, acredita que o espelho mostrou-lhe por inteiro, mas não é verdade, existe um ponto que ela não viu, os olhos. Existe uma lacuna, falta algo.

Pense na pessoa com dor. Ela se olha, mas vê somente uma parte de seu corpo. O local da dor.

Bem, na tentativa de aplacar a dor que sente, num primeiro momento a pessoa procura fazer uso dos remédios que são fáceis de comprar e dos quais todo mundo fala sem conhecimento de causa, e em caso de não dar certo, ela vai se consultar com um médico que lhe pede exames e depois lhe receita mais remédios. Então a dor que já tinha algum tempo, toma proporções maiores.


Então, voltemos às perguntas. O processo psíquico é individual, assim como não existe duas digitais iguais. As experiências são como elos de uma corrente e todos os elos juntos fazem a corrente. Mas será que somos suficientemente capazes de descobrirmos sozinhos que deixamos de ver os olhos no espelho ou que ainda não existe a corrente?





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atendimentos na Zona Norte e Zona Sul de São Paulo.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Defesas

A primeira atitude de uma pessoa diante de um obstáculo é se defender assim como o animal que quando se vê diante de um perigo, se coloca em prontidão para atacar ou ataca.

Em psicanálise essas ações têm por finalidade reduzir ou eliminar qualquer manifestação que ponha em perigo a integridade do ego. Se ver em perigo seja ele qual for traz angústias e a intensidade delas deixam os mecanismos de defesa mais ativados.

As pessoas podem querer equilibrar suas qualidades com suas deficiências, como uma pessoa que não consegue amar pode passar a sentir dores para não ter que se perguntar ou enfrentar as dificuldades que a levam a falta de amor.
 
Existem também aquelas pessoas que se refugiam na fantasia, sonham acordadas com algo que poderá nunca acontecer. Elas se defendem do desprazer da sua realidade.

Há também aquelas que se sentem cobradas o tempo todo e lutam contra a sua suposta  incapacidade, se veem pouco inteligentes justificando seu erro com tal veemência que é impossível o outro contradizer.

Ou aquele que passa a não confiar nas pessoas com as mesmas características de uma pessoa que lhe decepcionou. Exemplo disso, temos nas frases: Todos os homens são canalhas. Todas as mulheres são vulgares.


Têm também aquelas que colocam o perigo sempre presente e prestes a prejudicá-las, outras que imitam as características das pessoas que lhe chamam a atenção; outras que usam a mentira para salvar-se dos possíveis castigos, outras que regridem à fases menos dolorosas e para terminar as chamadas projeções em psicanálise que é: Tudo que vejo nele(a) de bom ou de ruim é meu também e por isso eu a enalteço ou a critico. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Redução de ser

A criança não tem fala suficiente quando está reduzida. Ela precisa falar para mostrar o quanto tem de lacunas na sua estrutura psíquica assim como os pais. A criança sabe quem ela não é, mas não sabe quem é, assim como o indivíduo que não tem palavras, mas tem objetos à sua disposição para construir a cadeia de significantes.

Ex.: Menino vomita quando houve a voz do pai.
O menino se olha no espelho (pai) e vê o quanto a mãe rejeita o pai.

A criança só tem um campo para mostrar sua metonímia. Vai se definindo algumas coisas no seu desejo. Vê um objeto que significa o seu conflito, ela não quer o objeto em si, mas para se significar. Ex.: Colecionadores.

A compra de sapatos, bolsas, acessórios, roupas é uma tentativa de aumentar a verbalização. Mas se ficar reduzido a buscar no exterior as suas expressões ficará sempre buscando objetos para se significar, a dizer quem é porque a tendência do ter é fruto da fragmentação do seu jeito. No caso da redução demasiada dos objetos, existe um desejo muito grande do indivíduo que esses objetos não conseguem suprir, portanto tudo o que o indivíduo deseja não é o que ele quer.

Se, p.ex. o corpo atrair numa pessoa, essa é a redução do indivíduo, é a obsessão do desejo. Todos os desejos são buracos e não é isso o que se deseja, porque só pode compor os desejos faltantes. É o que sobrou, não consegue ver o que significa. Se o indivíduo fala, o corpo não precisa falar. A dor no corpo é uma forma de falar sobre algo que está para ser significado. O que tiraram de mim?

Segundo Miller, J-A. (1998). “O osso de uma análise”, trata-se de outra concepção de significante, não apenas como aquilo que mortifica o corpo, que libera do corpo o mais-de-gozar, mas que determina o regime de gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do ser falante. O gozo já não é apenas gozo do corpo, mas também gozo da linguagem, na medida em que o indivíduo tem um corpo.

 “De modo que, para o impossível, a saída analítica é pela contingência, indicando que a solução seja o tornar possível ao sujeito lidar com o gozo, mas de um modo que não indique a prisão na necessidade própria do sintoma. Para o necessário, a saída indicada como o caminho possível não difere da forma contingente, já que o contingente se define por aquilo que é possível, mas não necessário.” (Fábio Santos Bispo).



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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O que o indivíduo pensa ao se ver no espelho? Fragmentação, desejo e a fala.

Tudo o que ele pensa sobre si é a partir de como ele é olhado.  Alguém pensou o indivíduo e ao pensá-lo fala dele, assim o indivíduo se modula, criando o que o Jung chamou de persona. O indivíduo só cabe no pensamento de quem o fala, que o define como tal, criando uma fragmentação. Nota-se que o indivíduo que é visto pelos pais tem buracos na cadeira de significantes. Dentro desse olhar limitante do outro o indivíduo se torna limitador para o outro também.

O inconsciente se expressa através da linguagem para facilitar o gozo (intensidade de energia que cujo limite ainda não se instaurou) do desejo. Construímos o caminho mais rápido para uma metonímia para a aproximação de quem somos.

A metonímia é a substituição de uma palavra por outra quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que permite essa troca. É uma figura de linguagem que surge da necessidade do falante ou escritor dar mais ênfase à comunicação. Ex.: O autor pela obra – ler Machado de Assis

Na terapia o indivíduo procura ampliar sua personalidade. Essa cadeia de significantes (atos falhos, cistes, apelos, sonhos) entrelaça com outras para formar o que o Jung chamou de cadeia arquetípica, sentir. Assim como os arquétipos, nenhum significante comportará um significado completo e irredutível, mas deslizará constantemente por uma cadeia de significantes arbitrários, sem nunca ter fim. Só uma atitude comandada pela necessidade pragmática de comunicação é que pode interromper, barrando esse sentido sempre em aberto do significante e fazê-lo cristalizar-se por algum tempo. Mas o desejo sempre conseguirá fazer que os significantes se movam e falará através das fissuras deixadas cobertas.

“O trabalho analítico baseia-se exclusivamente nos significantes, é uma cura pela fala (talking cure) diz Freud. Trata-se de fazer os significantes se encadearem uns nos outros, de produzir uma corrente. Mesmo quando o que se diz parece evidente, para o analista, os significantes nunca são suficientes para uma compreensão. Nunca. Pois na verdade o analista não busca compreender, mas sim fazer com que o analisando produza discurso. O sentido permanece sempre aberto. Quando o analista pergunta: e então? – está implícito: e depois?”( Cláudio Pfeil)

O indivíduo durante a vida inteira vai fazer a mímica diante das argumentações. Na cadeia de significantes esburacada ele e o outro estão dentro de uma aproximação funcional que não revela o propósito correto. O Eu não se vê inteiro para o outro e é isso que o angustia. É como se definisse por partes.

Ex.: Mulher se vende como um corpo porque é assim que o outro a vê. Homem precisa se ver para ampliar sua visão para que ela se modifique.

O indivíduo sendo do jeito que o outro quer instala um vazio e em não conseguir decifrar o outro, sofre pela sua falta. Não existe um agressor fora e sim aquilo que você quer ver. O baile Funk é uma tentativa de sair do oferecimento do corpo, oferecendo-se, porque se o indivíduo se isola não terá uma perspectiva de cura.

A partir dessa fragmentação, ele desejará ser mais inteiro que o olhar que o outro lhe permite e quando descobre que não existe emocionalmente todo o seu querer esta circunscrito ao que ele é. A angústia de não ser decifrado o leva à morte ou a matar o outro.

O indivíduo que não nasceu é aquele que não consegue se ver com tendência a não terminar nada do que começa. Mas é só porque existe o grande Outro (Self, Divino) que não morremos pelo olhar do pequeno outro.

O Nome do Pai tem a lei e não deixa se inundar pelo complexo, não se deixa explodir na cadeia de significantes para não se tornar um Deus.  No seminário 5 – as formações do inconsciente (Lacan, 1957), essa lógica é chamada de lógica da castração. É a lógica da metáfora paterna, que tem o Nome-do-Pai (aquele que dá consistência) como o significante que faz a função de exceção para que a cadeia dos outros significantes se estruture como lei. Se couber no limite compreensível do Grande Outro, o sujeito se significa e a angústia cessa.

O que impede o casal de se amar é que eles estão no campo dos pais. Cada um apresenta o limite do que vê no outro criando uma frustração que é percebida pelo ataque de um parceiro ao outro. Se casar porque qualquer motivo que não o conhecimento, o casamento degenera e acaba. Porém quando não apontar defeitos no outro o casamento de fato de instala.


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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Discurso, fórmula matemática

Lacan chama o sentido da vida de Lei, metáfora paterna, Nome do Pai (que dá consistência). Ele faz uso do Banquete de Platão para entender a relação Sócrates (analista) e Alcebíades (analisando) ou se preferir, amado e amante.

“O sujeito do desejo se apresenta quando o sujeito do significante passa a se relacionar com uma falta de saber. Em outras palavras, com um pequeno furo na sua regularidade. Já em relação ao sujeito do gozo a relação é com uma significação a mais. O sujeito do desejo se encontra na relação com uma falta de sentido, enquanto o sujeito do gozo se encontra na relação com o sentido, que não deixa nada de fora, com o um a mais.” Lacan

Real contem tudo que é verbalizado e não é visto por ninguém porque não existe uma posição para discursar sobre o verbalizado, pois passamos por perto e não nos sensibilizamos. O real é um sistema de percepção da realidade no qual se tem a necessidade de discursar. Exemplo disso é a vida do animal, ele vive no real, no vazio, levando muito tempo para se transformar porque está disposto a uma lei parametrizada pelas regras de cada espécie e o instinto determina as ações. Nota-se que um animal não ataca se não se sentir ameaçado, pois, existe uma lei do ecossistema que regula esse instinto.

A cadeia de significantes (atos falhos, cistes, apelos, sonhos) de um dia, por exemplo, é ditada imagem por imagem, segundo por segundo. Para se conhecer um indivíduo podemos fazê-lo por amostragem, ou seja, um período da vida dele, como acontecimentos do dia anterior, suas motivações e, assim, teremos uma leitura, como quando um médico pergunta ao paciente quais a dores, o incômodo, desde quando. Ele faz uma investigação de imagem a imagem para estabelecer um diagnóstico e isso produz uma capacidade discursiva do paciente que dará o perfil da dor.

Um indivíduo pode, em uma conversa, perder o contato de atenção com a exposição, no entanto, ele não sabe dizer no que estava pensando. Pode ser que no momento em que o interlocutor apresentava um exemplo de cachorro que late, pula, é agressivo, etc.... qualquer dessas palavras o tenha levado a um desconforto e por isso se abstraiu da explicação porque uma das palavras encontrou um buraco na estrutura psíquica, onde não tem um discurso que daria um significado.

Quando há capacidade discursiva mais ampla o indivíduo tem mais recursos para achar soluções, porque irá significar as imagens com os recursos que tem. Se houver um excedente agressivo, então a resposta será agressividade, porém se pegar a sequência subjetiva do outro, não será necessariamente a sua sequência, a resposta terá falta de objetividade, mas possibilitará uma “super-visão”.

Ex.: Nas guerras de Roma, um dia um general subiu à uma colina e viu seu exército lutando de todas as maneiras possíveis e inimagináveis, sem nenhuma estratégia. Naquele momento ele percebeu que deveria montar estratégias e assim o fez. O exército romano que já era invencível, ficou imbatível por mais 1.500 anos conquistando vários povos. Hoje é comum um líder “subir na colina” para ter uma “super-visão”.

O desejo de “ser” não é um desejo de “ser em si” porque existe uma ordem de desenvolvimento na psique que se molda na linguagem e as lacunas, os lapsos de linguagem são aqueles que dão um limite na compreensão do indivíduo. Essa falha na linguagem interfere na compreensão de algo lá na frente.

Ex.:  Um homem que esteve com 10 mulheres cita outro que esteve com 40, achando, então, que teve poucas mulheres. Ele tem buracos na compreensão, desde fritar um ovo até comprar algo e essas mulheres que faltam substituem a linguagem da angústia, mostrando que há um excedente libidinal que produz uma resposta fora de controle, porém há a necessidade de ser traduzido para produzir cultura. Em não ter um discurso, a ação provém do instinto e ele precisa ser esgotado com um discurso sistemático. O psicopata é aquele que não tem discurso, é aquele que não manifesta seus sentimentos, ele não tem discurso.  Podemos entender que todo excesso é falta de discurso onde há um excedente libidinal que produz uma resposta instintiva fora de controle (agressividade, sexualidade, poder.)

.___.___.___.___.  = cadeia de significantes que compõe a lei
.___.___.   x   .___. = cadeia de significantes com instinto que precisa do embate, onde “x” é o instinto, a lacuna. O indivíduo que vejo irá receber as expectativas da lacuna que tenho. É preciso decifrar o instinto.

Lacan afirma que não se pode definir o significante sem o gozo(intensidade de energia cujo limite ainda não se instaurou) , e que não se pode definir o gozo sem o significante (atos falhos, cistes, apelos, sonhos) . Portanto, traz uma nova definição de significante que se refere ao corpo. Essa referência se faz sob a modalidade do sintoma. O sintoma inclui o desejo e o gozo. Trata-se de restabelecer, a partir do Seminário 20, uma noção que não separe o sujeito da substância gozante. Há um real (tudo aquilo que não tem a obrigação de ser nomeado) no sintoma que deve ser incluído no seu conceito. A noção de sujeito do desejo não comportaria o gozo irredutível a essa noção de sujeito do significante.

Para a mãe que tem buracos na sua estrutura psíquica, fruto de uma educação com lacuna, o filho recebe as expectativas desse buraco. Ex.: A mãe não estudou. O filho precisa estudar. Ela quer algo dele que cabe dentro de sua significação e o filho não tem espaço para ir além disto. Ele é o sujeito barrado de si mesmo porque está impedido de saber quem ele é, porque é o discurso da lacuna dos pais, com a sensação de abandono, de estar sozinho, e em não se sentindo o sujeito que determina as ações, é o objeto cuja ação já está determinada.

Tânia Cristina B. Cabral em seu Livro “Os quatro discursos de Lacan e o teorema fundamental do cálculo” discorre sobre as formulas matemáticas utilizadas por Lacan para identificar a estruturação da linguagem, como segue:

 “O sujeito do desejo é aquele que questiona os efeitos do significante, localiza-se como sujeito barrado de gozo, e sujeito diante da impossibilidade de uma última significação. Nesse ponto do ensino de Lacan, o sujeito do desejo se encontra numa posição radical ao nível da privação do objeto, já que há uma confluência entre o objeto a e o falo. Por conseguinte, o sujeito é um objeto negativo (-φ), é falta-a-ser.” Lacan

Segundo Lacan, quando fala, o sujeito se submete a um processo complexo em que se imbricam simultaneamente o imaginário, o simbólico e o real.
O conceito de discurso em Lacan é precisamente este: Estatuto de enunciados. Não se deve entender discurso como uma fala encadeada do professor que o aluno escuta, invertendo-se ocasionalmente esses papéis, quando é o aluno quem fala.
“O aluno abre mão da aprendizagem para manter o jogo da escola. Aprender seria passar a ser outro, isto é, passar a outro saber que não o saber passar. Ele recusa enfrentar-se com essa morte. O saber produzido no caderno é seu gozo perdido: produziu, mas não gozou, só repetiu, não aprendeu, fez de conta.” [CABRAL, 1992].

S é o significante mestre. (agente)
S é o saber, campo da lei, o campo do grande Outro, lugar onde se pode falar em (des)obediência. (trabalho)
é o sujeito barrado, sujeito castrado. (verdade)
a é o gozo, objeto perdido, causa do desejo que se esconde na falha do Outro. (produção)
___ indica um recalque ou uma omissão
O impossível.  É impossível que haja um mestre que faça seu mundo funcionar e fazer com que as pessoas trabalhem é ainda mais cansativo. O mestre nunca faz isso, diz Lacan. O desejo é sempre o desejo do Outro.
   É a barreira que separa os signos que figuram nos denominadores. O mestre só pode se sentir o tal à medida em que se isola do a do aluno e aparece como assumindo a função de mestre por mérito de conhecimento, não por astúcia. Diz Lacan: Instalar-se tranquilamente como sujeito do senhor, isso não pode ser feito na qualidade de mais-gozar.
S1     S
      a

Mantendo as posições de agente, verdade, trabalho e produção veremos que após ter atendido o desejo do Outro, o indivíduo não é mais o discurso do mestre. Os significantes giraram, como o diagrama:
S  a
S  
Se a função da demanda é exercida pelo próprio a, enquanto objeto perdido, isso só é possível se um semblante do a passar ao primeiro plano e funcionar como tampão da falha do Outro.

 “Aí está o oco, a hiância que, de saída, um certo número de objetos vêm preencher, objetos que são, de algum modo, pré-adaptados,  feitos para servir de tampão.” [LACAN, p. 48]

O desejo que move o S em sua função de saber é, então, causado por esse objeto, e constrói sua fantasia a partir do semblante que o objeto apresenta. “ O objeto a é o que são todos vocês, na medida em que estão aqui enfileirados.” [LACAN, p.170]

Discurso do analista ... discurso do objeto

Desejo             Outro               Discurso do analista             agente      trabalho
     a                                     Analisar é impossível                 a             
     S              S                                                                                     S             S
Verdade       perda                                                                         verdade          produção

Esse discurso marca o momento em que o mestre passa a fazer aplicações da teoria dada e passa alguns exercícios para serem resolvidos ou o momento da prova. Na posição do agente temos o objeto a, que subitamente muda de semblante: não é mais o estudante que comparece aí, mas o que se pode chamar objeto do conhecimento, em geral sob a forma de um exercício a resolver. A verdade desse momento é o saber organizado que, agora, não deve aparecer como tal, mas, sim, sob a forma de uma intimidade do indivíduo com o objeto de conhecimento. É preciso que o exercício não seja mera aplicação de fórmula, para que não se recaia no discurso do mestre. É preciso que o indivíduo busque os elementos necessários à solução na história de seu saber, na teoria, S, que agora comparece como fundação recalcada. Quem trabalha para isso é o , o sujeito castrado, este que se contentava com sua posição de estudante da teoria e a quem se pergunta, quando tira zero na prova: Afinal, o que você quer? Poder-se-ia completar, para deixá-lo espantado: Não vê que agora é seu o desejo que move o processo? [CABRAL, 1992].

Sua produção deve ser agora a solução. No momento em que o aluno entrega a prova, algo é dado por pronto: É isso aí. É o que pude fazer. Sou o que sou. Produziu um S, significante sem outro significado. Quando entrega a última prova e é recompensado com o diploma, ou com o passe, quando se trata da formação de psicanalistas, o aluno volta a ser o sujeito barrado sob esse significante S . É isso que o autoriza a ser professor. Com a formatura, recupera-se o discurso do mestre e a história se reproduz.

Em algum lugar deve estar escondida a razão última, a essência, dessa relação. De posse dela saberei orientar-me tanto na demonstração quanto nas aplicações.

Em nossos termos, diria: Esse a que me falta e que talvez o Outro tenha, é o a sustentado por um saber S de posse do qual eu me produzirei como senhor S. É o desejo do , funcionando a partir da posição do Outro, que faz o discurso do objeto. Pondo-se na posição do Outro, examina, interrogando o objeto, posto na posição do desejo. Aí começa sua via crucis.”

A relação afetiva entre duas pessoas fragmentadas tentando manter a relação é a Torre de Babel onde ambas são objeto e não sujeito da ação, aí a relação se torna promíscua. Esses buracos resultam na desmotivação, não há ação. Ex.: Uma mulher diz que o marido é chato. Essa leitura que faz do marido é um buraco na sua estrutura que a impede de gostar dele. Se ela fechar essa falta irá acontecer um conjunto de novas atitudes que resignificarão o sujeito tornando-o melhor porque ele se tornará a expressão do desejo.

A rotina é uma obrigação enquanto sujeito barrado até criar uma opção, no entanto, se algo acontece de diferente causa irritação.

No imaginário não existe sujeito consciente e ele se torna um “ser” quando fecha os buracos instintivos significando-os. Quando uma pessoa se coloca na terceira pessoa, ela está muito longe dela. Ela pode produzir soluções fantásticas criadas pelo Self que engole o eu. Ex.: Pelé = Suspensão do eu.  Mas com a terapia ela vai saindo do “outro” (mãe) para o “Outro” (Pai, Divino).

Os nossos companheiros são de fato como são ou são produtos daquilo que compreendo dentro da minha cadeia de significantes?
O que temos na nossa frente é um Sujeito Barrado. O seu sofrimento é o buraco, o espaço vazio. Falta uma emoção que reconhece que ele não é o sujeito. A maneira pela qual se percebe esse buraco é dada pela projeção. Se o sujeito não ficar apavorado e não achar o sujeito preso, não resolve fecha o buraco na psique por isso que há um momento que a morte é uma situação de cumplicidade por ter um significado a tal ponto que não há mais espaço para a significação.

Não existe loucura; só existe a incapacidade para entender.

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